sábado, 2 de julho de 2011

Dominique Strauss-Ka​hn está solto.

Foto de Mario Tama, da France Presse
O tribunal discricionário formado pelo multiculturalismo, pelo racismo às avessas e pelo feminismo cretino
Dominique Strauss-Kahn, ex-diretor-gerente do FMI, não está mais em prisão domiciliar.
Foi libertado sem fiança, o que significa que a acusação de tentativa de estupro não se sustenta.
Ele ainda não pode deixar os EUA, seu passaporte continua retido, o processo persiste, mas é evidente que o caso sofreu uma reviravolta.
Há agora o esforço para que ele admita algum crime menor. É preciso tentar salvar minimamente a honra do sistema…
Já abordei no texto desta manhã as circunstâncias em que isso se deu.
Não!
Ele nunca foi nem passou a ser o meu herói.
O que sempre apontei nesse caso foi o despropósito.
 O que se passa nos EUA?
“A” diz que “B” tentou estuprá-la, “B” nega, mas isso é o bastante para que seja algemado, preso, exposto à execração pública, obrigado a pagar uma fiança estratosférica para ficar em prisão domiciliar, vigiado por uma tornozeleira?
E a investigação vem só depois?
Ou seja: a investigação nem tinha acontecido, e ele já começava a cumprir a pena?
Sim, há algo de profundamente errado nos EUA nos casos de crimes sexuais: o acusado precisa provar que é inocente; não é quem acusa que precisa apresentar provas de que o outro é culpado.
Basta contar à Polícia e aos promotores uma histórica convincente.
E é aí que esta o busílis: quem for um oprimido de manual sempre será mais convincente do que o “opressor”, também de manual.
No caso, estava tudo dado, não?
Uma camareira negra, imigrante da Guiné e pobre contra  um branco europeu, rico e poderoso — pior: com fama de namorador. Era mais do que uma história; era uma emblema: a África colonizada obrigada a fazer “blow job” na Europa colonizadora! Era preciso vingar os oprimidos.
O que se passa nos EUA, afinal, quando se acusa alguém de crime sexual?
“Ah, é culpa do puritanismo!
No fim das contas, o responsável é Calvino!”
Uma ova!
Isso nada tem a ver com puritanismo.
Quem obrigou um inocente — DO CRIME DE ESTUPRO AO MENOS — a cumprir pena antes da investigação foi o politicamente correto.
Isso é o resultado da militância sectária — não a libertária — de feministas, multiculturalistas, racistas às avessas disfarçados de igualitaristas etc.
Criou-se uma cultura!!!
Considera-se impensável que a versão de uma mulher pobre, negra e africana possa ser contestada pela versão de um homem rico, branco e europeu.
A dela, de saída, sempre terá mais credibilidade porque, ao se julgar ao caso em particular, é preciso considerar:
 a) a opressão histórica a que foram submetidas as mulheres;
 b) a opressão histórica a que foram submetidos os negros;
 c) a opressão histórica a que foi submetida a África.
Em suma, que importa que um indivíduo em particular — no caso, Strauss-Kahn — possa ser inocente?
O importante é que vigore o mecanismo de compensações históricas.
Atenção!
Essa cultura também se espalha por aqui e já contaminou até o Supremo.
Há uma grande tentação para não se julgar mais de acordo com a letra da lei; há uma grande tentação para que cada caso em particular seja visto segundo uma ordem mais geral de reparação histórica. Ministros do Supremo hoje dizem sem receio que a lei tem de tratar desigualmente os desiguais.
É a injustiça redentora!
Isso vem a ser exatamente oposto da justiça.

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