sexta-feira, 20 de maio de 2016

Desaparelhando o governo.


As demissões já ultrapassam a casa das centenas, o que dá uma pálida ideia da abrangência do assalto petista ao poder.

Nem é preciso dizer que essas medidas saneadoras foram recebidas pelos simpatizantes do PT como uma afronta – e a máquina de propaganda petista, ainda muito afiada, está empenhada em transformar a faxina promovida por Temer em um atentado à “cultura” e aos “direitos sociais”, justamente as áreas cuja administração foi a mais aparelhada pelo partido – e assim, não à toa, se prestam à marquetagem fraudulenta que faz do PT o proprietário das classes pobres do País. O escândalo que alguns artistas estão fazendo para desqualificar Temer inclusive no exterior, para ficar somente neste exemplo embaraçoso, mostra bem a dificuldade que o presidente em exercício terá para retirar a administração pública de vez da órbita do PT e de seus simpatizantes e devolvê-la ao conjunto dos brasileiros.

A claque petista fez muito barulho com a decisão de Temer de fundir o Ministério da Cultura com o Ministério da Educação, rebaixando aquela pasta à categoria de Secretaria. Do ponto de vista da imagem política, foi um desastre que poderia ter sido evitado, pois alimenta a acusação de que Temer estaria interessado em retaliar a chamada “classe artística” porque esta se alinhou à presidente Dilma Rousseff e fez campanha contra o impeachment. 

No entanto, noves fora o fato de que não existe essa tal “classe artística”, a não ser na cabeça de quem não consegue enxergar a sociedade como um conjunto de indivíduos, e sim como uma reunião de corporações com vocação estatal, a decisão de Temer foi essencialmente correta, porque a pasta da Cultura foi transformada pelo PT em um de seus principais feudos, espécie de ponta de lança da construção da imagem do partido como o único capaz de interpretar as aspirações nacionais. 

A grande prova de que o Ministério da Cultura era apenas uma espécie de departamento de agitação e propaganda do PT foi dada quando funcionários da pasta receberam o novo ministro da Educação, Mendonça Filho, aos gritos de “golpista” e de “golpe não, cultura sim”. A limpeza promovida por Temer é portanto uma consequência natural da constatação de que a Cultura não estava a serviço do Brasil, mas de um partido político.

O mesmo se deu no caso da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Criada no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a EBC deveria servir como uma “instituição da democracia brasileira: pública, inclusiva, plural e cidadã”, como se lê em sua carta de intenções. Mas acabou se transformando em braço do lulopetismo. A necessidade do governo Temer de desaparelhar a EBC ficou evidente quando Dilma, às vésperas de ser afastada da Presidência, nomeou para presidir a empresa o jornalista Ricardo Melo, na certeza de que este seria aliado firme do PT na guerrilha comunicacional contra o governo interino. Temer exonerou Melo, que entrará na Justiça sob a alegação de que seu mandato não podia ser interrompido.

A luta contra a contaminação petista envolve muitas outras áreas do governo. Temer achou por bem, por exemplo, exonerar da presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) o sociólogo Jessé de Souza. Na chefia de um órgão responsável por pesquisas que ajudam a balizar importantes decisões de governo, Jessé havia dito que o impeachment era uma “mentira das elites” e que a crise econômica “foi produzida politicamente” por empresários.

Isso é só o começo. É muito provável que Temer tenha de ir ainda mais fundo se quiser extirpar o lulopetismo entranhado na administração federal. E ele tem de estar preparado para encarar o esperneio daqueles que, depois de apoiar de corpo e alma um projeto de poder que julgavam eterno, estão muito perto de perder a preciosa boquinha.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Denúncia contra Lula feita ao STF cita troca de mensagem com Delcídio.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. (Foto: Daniel Marenco / Agencia O Globo 16/04/2016).

BRASÍLIA — A denúncia apresentada contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Supremo Tribunal Federal incluiu dados de quebra de sigilo bancário que reforçam as acusações contra o petista. O texto da denúncia, enviado ao STF no início deste mês e mantido em sigilo até agora, foi revelado pelo “Jornal Nacional”, da TV Globo, nesta quarta-feira 

A denúncia cita registros de ligações telefônicas entre o empresário José Carlos Bumlai e Lula, além de mensagens trocadas por Lula com o senador cassado Delcídio Amaral. Para a Procuradoria-Geral da República, esses registros são indícios do pagamento de propina à família do ex-diretor Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Em delação, Delcídio disse que Lula e Bumlai estavam envolvidos na operação de compra do silêncio de Cerveró, para tentar impedir que ele contasse aos investigadores irregularidades cometidas pelo empresário e por Lula. 

O ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no STF, acolheu pedido da Procuradoria para fazer o rastreamento de um cheque e dois saques em espécie que Maurício Bumlai, filho do pecuarista José Carlos Bumlai, teria feito para subornar a família de Cerveró. 

Com base na decisão de Teori, Janot deverá fazer levantamento sobre um cheque de R$ 49.206,77, do Bradesco, que Maurício teria usado para fazer um dos pagamentos antecipados a Bernardo Cerveró, filho de Cerveró. O cheque foi sacado em 18 de agosto do ano passado. O procurador-geral também fará o rastreamento dos saques em espécie, um de R$ 50 mil e outro de R$ 25 mil. As somas foram sacadas entre maio e junho passados. A suspeita é que o dinheiro também foi usado para comprar o silêncio do ex-diretor, que, naquele período, estava preso e negociava delação premiada com o Ministério Público Federal. 

Os desdobramentos da investigação podem aumentar a pressão sobre Lula. O ex-presidente é acusado de pedir a Delcídio Amaral para interferir na delação de Cerveró e impedir que o ex-diretor fizesse qualquer acusação contra o amigo Bumlai. As acusações surgiram na delação premiada de Delcídio e foram encampadas pela Procuradoria.

Segundo Serra, Política externa voltará a servir ao país, ‘jamais a um partido’.

O ministro das Relações Exteriores, José Serra 
André Coelho / Agência O Globo 11/05/2016
BRASÍLIA — O novo ministro das Relações Exteriores, José Serra, atacou a direção do Itamaraty durante os governo do PT. Sem citar nomes, ele disse que a diplomacia brasileira voltará a servir ao país, e não ao governo ou a um partido. O discurso foi feito durante solenidade de transmissão de cargo, da qual também participou seu antecessor, o ex-ministro Mauro Vieira, o último no comando do Itamaraty durante o governo da presidente afastada Dilma Rousseff. 

— A nossa política externa será vigida pelos interesses da nação, e não do governo, e jamais de um partido — disse Serra. 

Ele estabeleceu várias diretrizes que vão guiar sua gestão. Entre outras, ele citou: respeito aos direitos humanos; destaque para o tema ambiental; atenção aos acordos bilaterais com outros países; aproximação do Mercosul com a Aliança do Pacífico, bloco integrado por Chile, Peru, Colômbia e México; fortalecimento dos negócios com os países ricos. 

O ex-ministro Mauro Vieira fez um breve balanço de sua atuação e desejou êxito ao sucessor. Ele defendeu o Mercosul, dizendo que o bloco econômico sempre foi valorizado pelos governos brasileiros, independentemente da cor partidária. Vieira também reclamou da falta de recursos, que, segundo ele, está afetando o trabalho dos servidores lotados em postos no exterior. Em relação a isso, Serra disse que vai tirar o Itamaraty da "penúria" provocada pela irresponsabilidade fiscal. 

— Minhas primeiras palavras são de boas vindas e para lhe desejar sucesso — disse o ex-ministro, acrescentando: 

— As dificuldades são grandes e conjunturais, mas sabemos que o Brasil é maior do que elas e vai superá-las, encontrando o caminho do crescimento, da prosperidade. 

Entre os presentes estavam o ex-presidente José Sarney, o núncio apostólico (embaixador do Vaticano no Brasil), Giovanni d'Aniello, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, e o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Francisco Falcão. Parlamentares e ministros do governo Michel Temer também foram à cerimônia. 

RECUPERAÇÃO DAS FINANÇAS

Serra disse que encaminhou um pedido de R$ 200 milhões para recuperar as finanças do Itamaraty. Há histórias de diplomatas com até quatro meses de aluguel atrasado no exterior. Ele até brincou com o ministro do Planejamento, Romero Jucá, presente na cerimônia e responsável por liberar verbas no governo. 

— Eu cumprimento Jucá em nome dos ministros presentes. Mesmo porque o Jucá vai ter um papel fundamental junto comigo para recuperação das finanças do Itamaraty — disse Serra, atraindo aplausos e risos dos presente. 

Serra disse que a diplomacia do século XXI não pode repousar apenas na retórica, mas precisa buscar resultados. Pregou também a modernização e fortalecimento do ministério. 

— Vamos recuperar a capacidade de ação do corpo diplomático. Acreditem — disse Serra. 

— Quero fortalecer a casa e não enfraquecê-la. Esse é um compromisso e um convite a todos os funcionários — acrescentou o ministro. 

Apesar das críticas aos antecessores, ele disse que a diplomacia brasileira terá olhos para o futuro, e não para o passado. 

— A nova política externa brasileira será olhos voltados para o futuro e não para os desacertos do passados — disse Serra, sendo aplaudido. 

Na conclusão do discurso, disse: 

— Obrigado. Mãos à obra e vamos em frente. 

DOIS SECRETÁRIOS GERAIS

Além da reviravolta na política externa, retirando o viés político-partidário, Serra vai reforçar a área de formulação de políticas de comércio exterior com a criação de dois cargos de secretário geral: um específico para a área ocupado pelo embaixador Marcos Galvão, e outro para cuidar da administração da Casa, que continua com o embaixador Marcos Danese. Diplomatas que irão assessorar o novo chanceler, explicam que a ideia não é nova e no governo do ex-presidente Fernando Collor o Itamaraty chegou a ter três secretários geral 

O embaixador Marcos Galvão deixa a chefia da missão brasileira junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) para ocupar a segunda Secretaria Geral. Sua atuação na formulação de políticas comerciais será reforçada com a nomeação do o atual embaixador do Brasil na China, Roberto Jaguaribe, para chefiar a Apex Brasil ( Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos). 

Mesmo não tendo vingado a tentativa de extinção do Ministério da Indústria e Comércio Exterior (Midc) para que a parte de comércio exterior fosse anexada ao Itamaraty, Serra deixou claro que essa área será sua menina dos olhos, para ajudar na derrubada de barreiras comerciais, aumento das exportações e parcerias com grandes blocos econômicos, recuperação da economia e geração de empregos. 

A Agência Brasileira de Promoções de Exportações e Investimentos (Apex) saiu do Mdic e passou para o Ministério das Relações Exteriores. 

— Na época do Collor chegamos a ter três secretários gerais: um cuidava do controle interno, outro da administração do Itamaraty e o terceiro da formulação política. Não sei avaliar se deu certo ou não — observou um dos diplomatas ouvidos pelo GLOBO. 

A prioridade para a política de comércio exterior foi uma das 10 diretrizes anunciadas hoje por Serra para sua gestão.
                    *Por André de Souza e Maria Lima, em O Globo

terça-feira, 17 de maio de 2016

Gilmar mira nas contas de Dilma Roussef.


O ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE 
Jorge William / Agência O Globo / 12-5-2016 

BRASÍLIA — Recém-empossado presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Gilmar Mendes fez questão de esclarecer logo que continuará relator das contas de campanha da presidente Dilma Rousseff. Embora a contabilidade tenha sido aprovada pelo plenário da corte em dezembro de 2014, logo depois das eleições, Gilmar continua enviando indícios de irregularidades para órgãos de investigação, uma atitude pouco usual que irritou o governo Dilma e o PT. Como presidente do tribunal, o ministro poderia ter delegado a relatoria a um colega, mas não quis fazer isso. 



“Considerando o recebimento de informações de órgãos públicos relativos a indícios de irregularidades referentes às empresas que prestaram serviço à referida campanha, cujo acompanhamento tem sido por mim realizado, permaneçam os autos sob minha relatoria”, afirmou Gilmar. A decisão foi dada na última quinta-feira, o mesmo dia em que tomou posse no cargo. 


Na mesma decisão, o ministro lembra que, ao aprovar com ressalvas as contas de Dilma na campanha de 2014, o TSE estabeleceu que “essa conclusão não confere chancela a possíveis ilícitos antecedentes e/ou vinculados às doações e às despesas eleitorais, tampouco a eventuais ilícitos verificados pelos órgãos fiscalizadores no curso de investigações em andamento ou futuras”. A defesa de Dilma já recorreu ao TSE para pedir o encerramento das investigações, mas o pedido foi negado. 


Em declarações públicas, Gilmar não poupa críticas à gestão Dilma e à forma de governar do PT. No discurso de posse na presidência do TSE, o ministro criticou a “empedernida trupe de insensatos” que tomou a República de assalto. Sem citar nomes, Gilmar disse que a corte não compactuará com os abusos econômicos e políticos cometidos nas eleições de 2014. A cerimônia de posse de Gilmar foi o primeiro evento público que o presidente da República interino, Michel Temer, compareceu depois de assumir o posto de Dilma. 



— Este tribunal, tenho repetido, não compactuará com qualquer tipo de astúcia que conduza à mínima assimetria capaz de deslegitimar o processo eleitoral, a exemplo dos abusos econômicos e políticos que tanto macularam as últimas disputas, agora objeto de detida e rigorosa análise judicial — disse o ministro na última quinta-feira. 



Ainda no discurso de posse, ele afirmou que o Brasil vive um “ciclo de descalabros”, em ameaça à República. O ministro elogiou as manifestações populares que, indignadas com a corrupção, teriam conseguido romper esse ciclo. Ele aproveitou para elogiar as “competentes investigações” da Lava-Jato como prova de que o Brasil acordou.
                    *Texto por  Carolina Brígido, em O Globo

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Dilma pretende renunciar e se candidatar a Governadora.


Uma fonte petista do alto escalão diz que a renúncia passou a ser considerada após a aprovação da admissibilidade do impeachment no Senado por 55 a 22 - para condená-la, 54 votos bastam.

A ideia seria fazer o caminho de um dos ídolos da petista, Leonel Brizola, disputando o governo gaúcho ou o do Rio de Janeiro. A prioridade de Dilma seria disputar o governo do Rio Grande do Sul, onde se radicou, e foi secretária estadual.

Se confirmada a forte possibilidade de impeachment, Dilma ficará inelegível por oito anos. A renúncia poderia preservar sua elegibilidade.

No caso de Collor não deu certo: na ocasião, o Senado ignorou a renúncia e decidiu manter o julgamento, aprovando o impeachment.

Estratégia de defesa

Dilma, nos próximos dias, manterá a estratégia de dizer que foi vítima de um golpe, mantendo mobilizada a sua militância.

Maratona

A presidente afastada prepara agora uma série de viagens pelo Brasil e pelo exterior para defender o seu mandato, enquanto o processo de impeachment é analisado pelos senadores, informa a BandNews FM.
*Da Redação com Metro Jornal-noticias@band.com.br

PGR não tem mais dúvidas de que Lula comandou trama contra a Lava Jato.

(Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula/VEJA)
Parceria: Em acordo de delação premiada, o ex-senador Delcídio do Amaral revelou que seguia ordens do ex-presidente.

Em sua última aparição pública, na manhã de quinta-feira, Lula estava abatido. Cabelos desgrenhados, cabisbaixo, olhar vacilante, entristecido. Havia motivos mais que suficientes para justificar o comportamento distante. Afinal, Dilma Rousseff, a sucessora escolhida por ele para dar sequência ao projeto de poder petista, estava sendo apeada do cargo. O fracasso dela era o fracasso dele. Isso certamente fragilizou o ex-presidente, mas não só. Há dois anos, Lula vê sua biografia ser destruída capítulo a capítulo. Seu governo é considerado o mais corrupto da história. Seus amigos mais próximos estão presos. Seus antigos companheiros de sindicato cumprem pena no presídio. Seus filhos são investigados pela polícia. Dilma, sua invenção, perdeu o cargo. O PT, sua maior criação, corre o risco de deixar de existir. E para ele, Lula, o futuro, tudo indica, ainda reserva o pior dos pesadelos. O outrora presidente mais popular da história corre o risco real de também se tornar o primeiro presidente a ser preso por cometer um crime. 

VEJA teve acesso a documentos que embasam uma denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente. São mensagens eletrônicas, extratos bancários e telefônicos que mostram, segundo os investigadores, a participação de Lula numa ousada trama para subornar uma testemunha e, com isso, tentar impedir o depoimento dela, que iria envolver a ele, a presidente Dilma e outros petistas no escândalo de corrupção na Petrobras. Se comprovada a acusação, o ex-presidente terá cometido crime de obstrução da Justiça, que prevê uma pena de até oito anos de prisão. Além disso, Lula é acusado de integrar uma organização criminosa. Há dois meses, para proteger o ex-presidente de um pedido de prisão que estava nas mãos do juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava-Jato, a presidente Dilma nomeou Lula ministro de Estado, o que lhe garantiu foro privilegiado. Na semana passada, exonerado do governo, a proteção acabou. 

Há várias investigações sobre o ex-­presidente. De tráfico de influência a lavagem de dinheiro. Em todas elas, apesar das sólidas evidências, os investigadores ainda estão em busca de provas. Como Al Capone, o mafioso que sucumbiu à Justiça por um deslize no imposto de renda, Lula pode ser apanhado por um crime menor. Após analisar quebras de sigilo bancário e telefônico e cruzar essas informações com dados de companhias aéreas, além de depoimentos de delatores da Lava-Jato, o procurador-geral Rodrigo Janot concluiu que Lula exerceu papel de mando numa quadrilha cujo objetivo principal era minar o avanço das investigações do petrolão. Diz o procurador-geral: "Ocupando papel central, determinando e dirigindo a atividade criminosa praticada por Delcídio do Amaral, André Santos Esteves, Edson de Siqueira Ribeiro, Diogo Ferreira Rodrigues, José Carlos Costa Marques Bumlai e Maurício de Barros Bumlai (...), Luiz Inácio Lula da Silva impediu e/ou embaraçou a investigação criminal que envolve organização criminosa".

domingo, 15 de maio de 2016

Depois da queda.

Caiu marcada por seu estilo grosseiro e autoritário que a aproxima de uma caricatura dos machões mais truculentos.
Na reta final, uma das acusações mais patéticas aos que queriam o impeachment de Dilma é a de machismo.

Todo golpista é machista? Todo machista é golpista? Parece papo de Cristina Kirchner no tango do desespero. Quem ousaria tentar depor Margaret Thatcher, Angela Merkel ou Hillary Clinton? É como comparar Michelle Obama com Marisa Letícia. Afinal, Dilma foi eleita pelo machão Lula.

Dilma caiu não por ser mulher, mas por seus erros, teimosias e irresponsabilidades, marcada pelo estilo grosseiro e autoritário que a aproxima de uma caricatura dos machistas mais truculentos.

Diz que não é dura, que é honesta, como se os cordiais, os tolerantes, os amistosos não pudessem ser decentes. Ou como se os corretos não pudessem ser durões.

Mas ser honesta não é só não roubar. Será honesto mentir, esconder dívidas, prometer o que não poderia cumprir, acusar os adversários do que depois ela faria, permitir que uma organização criminosa tomasse a Petrobras e outras estatais para financiar um projeto de poder? Para ela e para Lula, não é desonestidade, é “luta política”.

Mas o vale-tudo é só para eles. Na oposição, o PT foi um denunciante e perseguidor implacável de adversários políticos, destruindo reputações, estabelecendo o padrão nós contra eles para a vida política nacional. Sim, a ascensão do bonde do PMDB não inspira esperanças, apenas alívio para uma situação insustentável. Quem sabe o PT seja útil na oposição?

Fiel à sua formação marxista e suas crenças econômicas brizolistas, Dilma decidiu exercer seu poder para baixar os juros na marra e a energia elétrica no grito, certa de que estava fazendo um bem ao Brasil e aos pobres. E à reeleição. Não ouviu nenhuma opinião divergente, mesmo quando as consequências devastadoras de suas decisões já eram evidentes. As maiores vítimas foram os pobres.

Será possível que alguém que se expressa tão confusamente possa pensar da forma clara, objetiva e analítica que a função exige ?

Recordista no anedotário da República, seu estilo se sintetiza na piada final:

“Dilma faz delação premiada. Mas investigadores não entendem nada”.
                      *Por NELSON MOTTA , em O GLOBO