quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Hugo Chávez em franca implosão na Venezuela

Hugo Chávez em baixa, seu projeto bolivariano está implodindo

Hugo Chávez está se recolhendo com o rabo entre as pernas – não tem viajado, não tem vituperado suas diatribes em discursos na ONU. O tenente coronel parece, estranhamente, quieto.
A administração Obama, que chegou a prometer “enquadrar” o caudilho venezuelano, está, ao contrário, calmamente, o evitando. Há uma razão simples para isso: a implosão do “socialismo bolivariano do século XXI” de Chávez está se acelerando.
Os números divulgados nesta terça feira última pelo Banco Central da Venezuela, controlado pela ditadura já nem tanto disfarçada de Chávez, retratou uma economia que está completamente fora de sintonia com o resto da região – e talvez a única no mundo com tamanho grau de angústia e sofrimento para o seu povo. O PIB caiu 5,8 % no primeiro quadrimestre, enquanto a inflação permaneceu em 30% ao ano. O investimento privado despencou em 27,9 % e o capital que não está na mão do estado continua a fugir do país em ritmo acelerado.
Economistas não vinculados ao governo - é claro - suspeitam que a contração econômica seja ainda pior do que a indicada pelos números oficiais, que alegam serem manipuladas pelo Banco Central. Mas, presumamos que eles sejam corretos e fidedignos. O declínio vertiginoso da Venezuela contrasta com o crescimento no mesmo quadrimestre de 8 % ocorrido no Brasil, na Argentina e no México. Tal crescimento excede confortavelmente o colapso da Grécia, que encolheu 3 % no mesmo período.
A inflação em Caracas é o triplo da mais alta no resto da América latina (na Argentina) e é mais do dobro da mais próxima pior economia (Paquistão) entre as 56 nações monitoradas pelo website do jornal inglês ‘The Economist’. Até Zimbábue, que costuma ser considerada a lata de lixo da economia mundial, parece ter uma economia melhor que a da Venezuela: o enclave sul-africano espera crescer cerca de 6 % este ano, enquanto a inflação está abaixo de 5% ao ano. Em suma, a recuperação econômica está ocorrendo pelo mundo afora – menos na Venezuela de Hugo Chávez Frías.
Quando, desde o início do ano, comecei a notar e a dizer que a “revolução chavezista” estava indo para as cucúias, a blogueirada comuno-socialista me encheu de e-mails cheios de desaforos me chamando dos costumeiros adjetivos que atribuem a quem não pensa como eles: ‘reacionário’, ‘servo do capitalismo internacional’, e outras diatribes...
Os cães-de-guarda ideológicos da infecção socialista cansaram de querer me fazer crer que a Venezuela está na realidade tendo um resultado melhor que o do resto do mundo, graças (versão psicótica) ao fato de Chávez estar destruindo o ‘vil capitalismo’ em seu país e porque (versão levemente menos ‘zureta’) a implosão da Venezuela é irrelevante para o resto da região. Todavia, é claro, a Venezuela está realmente indo para o buraco – e as medidas desesperadas de Chávez para parar essa ‘queda livre’ estão apenas tornando tudo muito pior. Há algumas semanas, por exemplo, ele abruptamente resolveu agir no sentido de abolir o mercado privado no país, o qual supre os dólares para 30 a 40 % das importações venezuelanas. O câmbio do dólar apresenta taxas que estão disparando, e o governo confiscou um monte da moeda das casas de câmbio e anunciou que a venda de dólares de então em diante seria feita e controlada exclusivamente pelo Banco Central.
O resultado está na cara de todos – menos nas dos comunistas –, e certamente será outra drástica redução das importações, uma piora terrível da já existente carência e desabastecimento de quase tudo, principalmente de alimentos e mercadorias de consumo básico, e o florescimento de um novo mercado negro de dólares.
E, claro, a implosão do ‘socialismo enlatado’ de Chávez importa para o resto da América latina. Não se trata somente do fato de que o governo de Obama não dá mais muita atenção e não quer se apoquentar com o caudilho sul-americano, uma vez que o tenente coronel já está fazendo um excelente trabalho de autodestruição. Trata-se mais do fato de que os clientes da Venezuela e os que a querem imitar – especialmente a Bolívia e a Nicarágua – ficam sem receber tanto os subsídios prometidos nos arroubos populistas e demagógicos de Chávez, bem como sem a sustentação ideológica de Caracas. A tentativa de Chávez – que já dura uma década – de criar um bloco de países ideologicamente afinados com sua natimorta ideologia marxista na região, está despedaçada.
A popularidade do caudilho levantada em toda a América latina – onde ele não pode manipular as pesquisas – está agora abaixo de 40 %, e o mesmo índice na própria Venezuela já caiu abaixo de 50 %. Com uma eleição para a Assembléia Nacional batendo às portas ainda neste outono, ele tem recorrido à tática iraniana de desqualificar seus proeminentes opositores impedindo-os de serem votados. Ele tentará fraudar a eleição; caso isso não funcione ele tentará suprimir o poder da legislatura.
Não importa: Chávez parece sem forces para parar a embaraçada economia da Venezuela – e com ela, a sua “revolução”. Ele não terá alternativas: senão a de se render ao crescente descontentamento do seu povo ou passar a mandar inteiramente pelo uso da força.
*Texto de Francisco Vianna

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