sábado, 21 de março de 2009

Suástica mais apagada

Preso há quarenta anos, Charles Manson, chefe da "família" de assassinos que aterrorizou a Califórnia, mostra a cara.

As marcas são as que se esperam de um senhor de 74 anos com pouco acesso a benefícios estéticos: barba grisalha, careca, rugas. E um pouco mais: a tatuagem meio apagada de uma suástica entre as sobrancelhas. Assim é hoje Charles Manson, o assassino que, com lábia, violência e boa dose de loucura, liderou um bando de hippies numa seita – a "família Manson" – que matou a tiros, facadas e por enforcamento sete pessoas em duas noites na Califórnia, em 1969. Uma das vítimas foi a atriz Sharon Tate, mulher do diretor Roman Polanski, então com 26 anos e grávida de oito meses. O objetivo da seita, em sua dupla jornada de trucidamento de desconhecidos, era apressar o juízo final instaurando uma guerra entre negros e brancos, tudo avalizado por mensagens que Manson distinguia em músicas dos Beatles.
Apressou, isso sim, o fim do movimento dos jovens cabeludos, meio sujos e sem compromissos, que nunca mais se encaixou na legenda paz e amor. Manson e quatro seguidores – três deles mulheres, maioria na seita – acabaram condenados à cadeira elétrica, mas a pena de morte foi suspensa na Califórnia meses depois (voltou, sem afetá-los) e a sentença mudou para prisão perpétua. Nestes quarenta anos, sempre cabeludo, desafiador e com ar lunático, Manson deu entrevistas, compôs algumas músicas e cultivou a preservação do mito em certos círculos sombrios. Quando a idade apagou a imagem, sumiu – para reaparecer agora nesta foto de rotina para atualização dos arquivos da penitenciária Corcoran que o jornal Los Angeles Times pediu e recebeu. Irreconhecível. A não ser pela suástica.

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