segunda-feira, 6 de junho de 2011

Feitiço contra o feiticeiro: Hugo Chávez começa a ser rejeitado pelo povo que o elegeu

Uma pesquisa divulgada na última semana pelo jornal El Universal demonstrou que 51% dos eleitores da Venezuela querem um novo líder para seu país. O levantamento, realizado pela empresa Hinterlaces, é um sintoma de que o prolongado governo do presidente Hugo Chávez pode estar perto do fim. A falta de comida, a inflação, a violência e os problemas com a energia elétrica são apenas alguns dos motivos que têm levado os venezuelanos a desacreditarem o coronel, antes tão exaltado popularmente, e apostarem na oposição como fonte de esperança para o fim da era chavista, que já dura doze anos. É nesse clima de desprestígio que o presidente visita o Brasil para fechar acordos com Dilma Rousseff nesta segunda-feira.
As medidas autoritárias do caudilho passaram a afetar diretamente o bolso e o conforto dos venezuelanos. "Produtividade e rentabilidade são conceitos do malvado capitalismo e do neoliberalismo", avisava o coronel em 2004. A má-utilização dos recursos vindos da exportação de petróleo – mais com a compra de armas que com investimento na produção interna – e a própria queda na produção do bem mais abundante do país provocou um grande impacto nas contas públicas.
A oferta de alimentos ficou escassa e os preços subiram drasticamente. A população teve que adaptar a dieta ao que conseguisse encontrar. O governo criou mercados populares com a venda direta de produtos aos consumidores, mas não adiantou. “A equação de Chávez não fecha, ele está destruindo a economia e o povo está passando muita dificuldade“, comenta Norman Gall, diretor executivo do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, estudioso da América Latina que viveu seis anos na Venezuela.
Gall relata que a imagem guardada em sua mente da última visita feita ao país comandado pelo coronel é de destruição. “Lá hoje tem um dos mais altos índices de homicídio do mundo, o lixo está espalhado pelas ruas, não existem mais lugares onde as pessoas se reuniam para conversar e tomar café e parece que o Chávez não se importa com isso”, conta.
Outro ponto sensível da realidade venezuelana tem sido os frequentes apagões e a pressão do governo para o racionamento de energia elétrica. "Se você se levanta às três da madrugada para ir ao banheiro, compadre, por que gastar esse pouco de luz? Deixe a lanterna ali, na mesa de cabeceira", incentivou Hugo Chávez em 2009. No mesmo ano, a Venezuela entrou em recessão. Desde então a taxa de inflação do país não sai da média de 30%.

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