
“No episódio mais emblemático da
ação, os agentes devolveram ao noticiário político-policial a antológica Casa
da Dinda, a residência do ex-presidente Fernando Collor, cenário do escândalo
que, nos anos 90, levou ao primeiro impeachment de um presidente da República.
Os policiais apreenderam
documentos, computadores e três carros de luxo da frota particular do atual
senador: um Lamborghini Aventador top de linha (3,5 milhões de reais), uma
Ferrari vermelha (1,5 milhão de reais) e um Porsche (700 000 reais). Nem o
bilionário empresário Eike Batista em seus tempos de bonança exibia modelos tão
exclusivos – e caros.
Collor, até onde se sabe, é um
empresário de sucesso. Sua família é proprietária de emissoras de televisão e
rádio em Alagoas, terrenos, apartamentos, títulos, ações, carros… A relação de
bens declarados pelo senador soma 20 milhões de reais, o suficiente para
garantir vida confortável a qualquer um.
Collor, apesar disso, não
resistiu à tentação e adentrou o pomar petista. Em 2009, ele assumiu a presidência
da Comissão de Infraestrutura do Senado. Com significativo poder para
fiscalizar os destinos das obras do PAC, a vitrine de campanha da então
candidata Dilma Rousseff, o senador se apresentava como um obstáculo para o
governo.
A maçã lhe foi oferecida. O
ex-presidente Lula entregou ao senador duas diretorias da BR Distribuidora, uma subsidiária da Petrobras – a diretoria da Rede de
Postos de Serviço e a de Operações e Logística. No comando desse feudo, segundo
os investigadores, Fernando Collor criou o seu balcão particular de negócios
dentro da maior estatal brasileira, o que lhe renderia milhões em dividendos.
Segundo depoimentos colhidos na
Lava-Jato, o esquema obedecia a uma lógica simples. As empresas que tinham
interesse em assinar contratos com a BR acertavam antes ‘a parte do senador’.
Foram dezenas de contratos. A polícia já identificou dois que passaram por esse
crivo. Num deles, de 300 milhões, um empresário do ramo de combustíveis pagou a
Collor 3 milhões de reais em propinas para viabilizar a compra de uma rede de
postos em São Paulo.
A operação foi revelada pelo
doleiro Alberto Youssef em acordo de delação premiada. Encarregado de
providenciar o suborno ao senador, Youssef fez a entrega de ‘comissões” em
dinheiro, depósitos diretos na conta do parlamentar e transferências para uma
empresa de fachada que pertence a Collor.
O
Lamborghini, até recentemente o único do modelo no Brasil, está em nome da tal
empresa, o que fez os investigadores suspeitar que o carro foi bancado com
dinheiro desviado da Petrobras. Desde
o ano passado, quando explodiu a Operação Lava-Jato e as torneiras da corrupção
se fecharam, o IPVA do carro não é pago pelo ex-presidente.
A dívida acumulada é de 250 000
reais. Mas não é desapego do senador. Zeloso, ele só usava o carro para
passeios esporádicos a um shopping de Brasília. Quando isso acontecia, o
Lamborghini permanecia sob a vigilância de dois seguranças do senador, que
fixavam um perímetro de isolamento em torno do veículo para evitar a
aproximação dos curiosos.
A frota de luxo de Collor –
revela Lauro Jardim, na seção Radar – conta com um Rolls-Royce Phantom 2006,
mais exclusivo ainda do que o Lamborghini.”
Rolls-Royce Phantom 2006
Nenhum comentário:
Postar um comentário