E segue o baile no galpão. Isto é, no Congresso. Manifestantes ligados à União Nacional dos Estudantes (UNE), a movimentos indígenas, negros e religiosos fizeram hoje um protesto na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados comparando o deputado Jair Bolsonaro a Hitler. No protesto, acompanhado pela ministra da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Maria do Rosário, os manifestantes traziam cartazes em que Bolsonaro aparece travestido de Hitler, além de palavras de ordem contra a homofobia e o racismo.
Que falta de memória, a desta gente. Que me conste, o deputado jamais manifestou qualquer simpatia por Hitler. Quem ousou manifestar admiração por Hitler neste Brasil foi um outro senhor, em uma entrevista à Playboy, em 1979: "O Hitler, mesmo errado, tinha aquilo que eu admiro num homem, o fogo de se propor a fazer alguma coisa e tentar fazer". Este senhor chamava-se – e ainda se chama – Luís Inácio Lula da Silva. Jamais ouvi alguém chamá-lo de nazista.
Não bastasse sua admiração pelo ditador alemão, manifestou seu apreço pelo celerado iraniano, o aiatolá Khomeini: "Eu não conheço muita coisa sobre o Irã, mas a força que o Khomeini mostrou, a determinação de acabar com aquele regime do xá foi um negócio sério".
Se foi. O aiatolá levou seu país a uma guerra que gerou um milhão de cadáveres. Quem mata um é criminoso, quem mata muitos é conquistador, quem mata todos é Deus — dizia Jean Rostand. Líderes cujas matanças vão de três a cinco dígitos são abomináveis. Toda glória aos genocidas de sete ou mais dígitos.
Não bastasse isto, Lula é fanzoca de Fidel Castro, o mais antigo tirano da América Latina. E considera Kadafi “amigo, irmão e líder”. O homem manifesta seu apreço pela escória da humanidade e o Bolsonaro é acusado de nazista. A senadora petista Marta Suplicy pode acusar seu adversário político de homossexual – como se ser homossexual fosse crime. A ministra petista Matilde Ribeiro pode afirmar que não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. O ex-presidente petista pode manifestar seu apreço por Hitler, Khomeini, Kadafi. Mas quem não for do PT – esta santa sigla que absolve de todo pecado – não pode sequer manifestar a opinião de que não quer ver seu filho casado com uma negra.
"A sociedade brasileira não aceita que um representante eleito por vias democráticas pratique crimes e incite o preconceito e reforce a opressão. Pressionaremos os congressistas pelo aprofundamento do processo de investigação por quebra de decoro parlamentar que já está em andamento na Câmara", afirma nota dos manifestantes da UNE.
Ora uma coisa é proferir uma besteira. Bolsonaro foi estúpido em sua afirmação. Está condenando uma boa metade da nação, que não viu mal algum em miscigenar-se. Mas proferir uma besteira é uma coisa. Outra – a meu ver bem mais grave – é meter a mão em dinheiro público. Não vi nenhuma manifestação da UNE contra os representantes petistas eleitos por vias democráticas que se locupletaram com o mensalão. A petistas, tudo é permissível. Chamar adversário de bicha, defender o racismo e até mesmo roubar.
Na crônica de ontem (5/4), comparei a affaire Bolsonaro ao escândalo em torno a Berlusconi, condenado por gostar de prostitutas, enquanto Martin Luther King, que pagava profissionais com dinheiro de suas campanhas em prol dos direitos dos negros, mereceu o prêmio Nobel da Paz. O pecado de Berlusconi, pelo que se lê, parece ter sido pagar a Ruby, porque é crime pagar uma prostituta menor de idade. Se a Ruby nada recebesse não seria crime. Mas ser prostituta menor de idade não é crime. Não poucos países contemporâneos estão participando desta legislação hipócrita. Prostituir-se é legal. Mas pagar por uma prostituta é crime.
Leitor atento me observa um outro fato:
“Outra categoria de gente livre para fazer e dizer qualquer coisa é a dos gays: lembra do Tiger Woods, quando foi execrado e perdeu contratos milionários por ter arrumado amantes e transado com prostitutas? Na época pensei que se ele tivesse sido descoberto com homens e declarado aos gritos ser gay ninguém trataria do caso como escândalo e ele, por certo, não perderia nem um centavo de publicidade, afinal quem "descontrata" um gay? Lembro de um artigo, creio que do Ancelmo Góis, relatando, com a maior naturalidade, a visita de um costureiro estrangeiro a uma sauna gay do Rio e o preço que o mesmo pagou a um michê, dizendo que tal valor, 300 dólares, inflacionou o mercado, já que o referido teria ficado extasiado com os dotes amorosos de seu contratado”.
Tem razão o leitor. Homossexual algum será acusado por deitar-se com dezenas de homens. Mas ai do coitado que gosta de mulheres em profusão. Quanto a Bolsonaro, milita no partido errado, o PP.
Militasse no PT, teria o sagrado direito de chamar adversário de bicha, de defender racismo e admirar Castro e Kadafi, Hitler e Khomeini.
*Texto por Janer Cristaldo - http://mujahdincucaracha.blogspot.com/2011/04/pt-tudo-pode.html
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