domingo, 10 de abril de 2011

Mais uma do Ministério do trapalhão

Do blog de João Bosco Rabello:
Secretário de Educação do governo de Minas, na gestão de Israel Pinheiro, na década de 60, José Maria Alkmim, célebre pelas frases de efeito, cercou-se de cuidados ao assumir o cargo.
Prevenido, evitou nomeações políticas para áreas estratégicas, preenchendo os cargos de chefia com candidatos de currículo indiscutível.
Porém, mal sentou na cadeira e teve de enfrentar uma violenta reação a uma portaria da qual jamais tomara conhecimento, assinada por uma jovem e impetuosa auxiliar, que provocou um verdadeiro levante político contra o governo.
Foi informado de que prefeitos, deputados estaduais, diretores de escolas, alunos e professores entulharam de cartas a chefia de gabinete do governador em protesto contra a medida.
De uma escola política mineira que fez fama pela habilidade e sabedoria, Alkmim convocou a funcionária, ainda admitindo a possibilidade de uma explicação razoável que lhe permitisse, mesmo revogando a portaria, mantê-la no cargo.
Do que desistiu após o seguinte diálogo: “Secretário, o senhor me desculpe, mas eu continuo irredutível quanto à nossa portaria”, disse a auxiliar.
“Eu é que peço desculpas”, respondeu o secretário. E arrematou: “A senhora pode ser irredutível com a sua assinatura. Com a minha, não”.
O episódio foi lembrado esta semana por uma raposa mineira a propósito do recente anúncio feito pela diretora nacional de Políticas Educacionais Especiais do MEC, Martinha Claret, do fechamento de escolas centenárias especializadas para surdos e cegos – o Instituto Nacional de Ensino de Surdos (Ines) e o Benjamim Constant, no Rio de Janeiro.
É uma daquelas medidas tomadas em nome do “politicamente correto”, sem consulta aos principais interessados, que não querem freqüentar escolas convencionais despreparadas para recebê-los.
Estas também consideram que esse é o tipo de inclusão social equivocada.
A má repercussão do anúncio levou o ministro da Educação, Fernando Haddad, a desautorizar a funcionária, que manteve no cargo com uma singela explicação: “A Martinha manifestou às escolas uma opinião pessoal e isso gerou um mal entendido”.
A saída salomônica, que caracterizou o governo Lula, do qual Haddad é continuação, pegou mal para o ministro no meio político, onde se interpretou que ou ele tinha conhecimento da medida, e com ela concordava, ou deveria procurar inspiração em Alkmim e dispensar uma auxiliar que vende opinião pessoal como decisão do ministério.
Alguns lembraram que Haddad já hesitara em dispensar os responsáveis pelos sucessivos fracassos na aplicação das provas do Enem e ainda resiste à mudança do modelo seletivo que permanece inviável para um universo de 4 milhões de alunos em busca de vaga nas universidade federais.
No mérito, a inclusão social invocada para justificar o fechamento das duas instituições é questionável. As escolas convencionais, que já têm dificuldades com alunos sem limitações, já disseram não ter estrutura para atender à demanda específica própria do ensino especializado.
* Texto do artigo: O dono da assinatura.

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