O chanceler Nicolás Maduro pode reinventar a medicina quantas vezes quiser, mas para pelo menos dois dos mais experientes cirurgiões cariocas – com especialização em cólon e reto – ele esgotou com rapidez um impressionante estoque de bobagens a cada entrevista em que falou da saúde de Hugo Chávez. O mesmo fez o presidente, na repentina volta de Cuba, quando a Venezuela já tentava entender a gravidade de seu estado e a necessidade de ficar em havana por seis meses.
Agora, depois que o discurso oficial aposentou a versão do tumor de próstata (como se tumor de próstata fosse coisa simples), todas as informações convergem para um quadro bem mais grave da saúde de Chávez. Abcesso pélvico não casa com câncer de próstata, mas tem tudo a ver com um câncer avançado de reto ou de sigmóide, que é a seção final e descendente do intestino grosso.
Tumores nessas duas áreas costumam ser resultado de câncer agressivo e, de acordo com especialistas consultados, com elevado índice de recidiva. Mais grave, talvez, tenham sido as condições em que Chávez foi operado. A emergência anunciada oferece duas indicações, ambas ruins: a doença é antiga e o abcesso perfurou. Como isso ocorreu na região pélvica, as células doentes se espalharam por todo o peritônio, a membrana que envolve o conteúdo do abdome.
A afirmação de Maduro, segundo a qual em nova cirurgia, dois dias depois, foram retiradas “todas as células cancerígenas” é mentira em estado bruto. Primeiro porque céulas são estruturas microscópicas, o que torna a remoção praticamente impossível. Depois, porque centenas (milhares?) delas já teriam penetrado na corrente sanguínea. A segunda cirurgia também pode ter sido feita em busca de metástases não obrigatoriamente percebidas na urgência em que o presidente foi operado.
Pode ser que não existissem mesmo e que doença estivesse concentrada em tumor único. De qualquer maneira, asseguram os médicos brasileiros, a medicina cubana não é a melhor que Chávez poderia ter nessa especialidade. Menos pelo médicos, que têm recebido apoio e ensino espanhol, e mais pela falta de equipamentos e tecnologia. A estatística, sempre implacável, registra que em 95% das ocorrências os cânceres de reto e sigmóide são letais. Nos casos de contaminação da cavidade abdominal a recorrência costuma se apresentar em seis meses sob a forma de peritonite carcinomatosa.
* http://xicovargas.uol.com.br/index.php/2372
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