A apenas quatro meses da possível prescrição de um dos crimes, o STF e o relator não esclarecem se procede a interpretação no caso da quadrilha
Agosto de 2006 a agosto de 2011. Naquele mês daquele ano foi destapado o maior episódio de corrupção da história brasileira, o desgraçado Mensalão que todos conhecemos, que resultou na denúncia, pela Procuradoria-Geral da República, de 38 pessoas por formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro. Como parte dos denunciados tinha foro especial, foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal, que a aceitou e processa, sob o relato do ministro Joaquim Barbosa, aquele da crônica dor nas costas. Pois bem, em agosto próximo, dentro de quatro meses, a acusação de formação de quadrilha poderá prescrever, segundo o entendimento de juristas divulgadas na imprensa. Até hoje, na antevéspera do que seria o ponto alto da impunidade na responsabiliza& #231;ão de criminosos que caracteriza a Justiça no Brasil, nem o tribunal nem o relator confirmaram se procede a interpretação sobre o prazo prescricional de cinco anos. O silêncio a respeito é altamente suspeito.
Não há esclarecimento sobre a questão, enquanto avoluma-se na imprensa a insistência na tese mentirosa de que a roubalheira nunca antes vista neste país foi apenas um caso de caixa 2, em que os milhões de recursos desviados fraudulentamente serviram para pagar contas de campanhas eleitorais. Esta farsa foi posta a circular pelo então chefe do Executivo, Luiz Inácio, aconselhado pelo seu ministro da Justiça e advogado esperto, Márcio Thomaz Bastos. A respeito, se fosse necessária outra prova, basta ler a recente investigação complementar da Polícia Federal, realizada a pedido do ministro-relator, que mapeou as fontes de financiamento do Mensalão. Nelas , avulta o assalto aos fundos da Visanet (hoje Cielo, empresa que registra e transmite transações dos cartões e vouchers Visa), controlada e gerida pelo Banco do Brasil. Dali saíram pelo menos R$ 220 milhões. O dinheiro pode até ter saldado contas de eleições (como as do PT em 2004), mas o grosso serviu para o governo comprar o apoio de parlamentares e partidos na Câmara dos Deputados. (Enrico Valduga)
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