O plenário do
Conselho de Segurança da ONU em Nova Iorque (foto: CC BY-SA
Gruban/Flickr/File)
A
agência de notícias AP (Associated Press) informou hoje cedo que o embaixador
da Ucrânia na ONU pediu, ontem, uma reunião de emergência do Conselho de
Segurança para “fazer todo o possível imediatamente” para parar a agressão
militar da Rússia ao país e remover as tropas de Moscou que já invadiram a
estratégica região da Crimeia no sul da Ucrânia. Mas parece
improvável que o Conselho atenda ao seu pedido.
Como
um membro permanente do Conselho, a Rússia tem poder de veto e pode bloquear a
reunião e impedir que o Conselho adote qualquer resolução que critique ou
imponha sanções a Moscou.
O
Secretário Geral, Ban Ki-Moon, urgiu, pelo telefone, que o Presidente russo
Vladimir Putin dialogue urgentemente com as autoridades de Kiev. Dizendo que a
situação na Ucrania “é tanto perigosa com desestabilizadora”, a embaixadora
Americana na ONU, Samantha Power, disse ao Conselho que “é hora dos militares russos
porem um fim à intervenção na Ucrânia”. Power e outros membros do Conselho
instaram em enviar monitores internacionais à Ucrânia o mais breve possível
para observar a situação e Power advertiu que “as ações provocativas da Rússia
poderia facilmente forçar a situação para além de um ponto de frenagem”. Ela
também mencionou o trabalho sobre uma mediação internacional a ser enviada uma
comissão a Ucrânia. O Conselho de Segurança se reuniu emergencialmente pelo
segundo dia consecutivo pelos rápidos desdobramentos dos eventos na Ucrânia.
Até mesmo se reuniu brevemente numa sessão aberta transmitida pela TV, apesar
das objeções da Rússia, para em seguida reassumir a reunião com portas
fechadas. O atual presidente do conselho, a embaixadora de Luxemburgo, Sylvie
Lucas, disse que os membros destacaram a importância da manutenção da
integridade territorial da Ucrânia e da necessidade de se baixar as
tensões, sem falar da necessidade de observadores internacionais no
local.
O
embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, disse que o novo governo em Kiev
precisa se livrar dos “radicais” e advertiu que “tais ações que estão tomando
levariam a desdobramentos muito difíceis, que a Federação Russa está tentando
evitar”. Churkin também acusou o Ocidente de interferir nas recentes
manifestações em Kiev que se tornaram violentas entre tensões oriundas da
decisão do agora fugitivo presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, em tornar a
Ucrânia a parceira maior da Rússia, sua patroa antiga, ao invés da União
Europeia como deseja a maior parte da sua população.
A
Rússia deu refúgio a Yanukovych, que fugiu há uma semana. Churkin disse que a
Rússia estava a intervir militarmente a pedido das autoridades pró-Rússia na
semiautônoma Península da Crimeia, onde o idioma mais falado é o russo e sede
da frota da Esquadra Naval Russa do Mar Negro.
O
Embaixador britânico Mark Lyall Grant, que convocou a reuniçao para o sábado de
ontem, disse a jornalistas, depois, que "não há justificativa para as
atividades militares da Rússia nas últimas 48 horas".
O
secretário geral adjunto da ONU, Jan Eliasson, disse que a situação na Ucrânia
é "muito difícil e muito perigosa" e disse que há “sinais negativos,
sinais graves, de riscos de uma escalada bélica na região, que ninguém sabe o
que pode resultar", uma vez que ambos os lados são potências nucleares. Já
o embaixador ucraniano na ONU, Yuriy Sergeyev, pediu aos outros quatro membros
permanentes do Conselho de Segurança – Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e
China – para ajudarem e acrescentou que a Rússia havia rejeitado a proposta da
Ucrânia para realizar consultas bilaterais imediatas. Quando perguntado mais
tarde se a Ucrânia está em guerra com a Rússia, Sergeyev disse: "Não. Nós
não estamos em guerra. Estamos tentando evitar confrontos. Por enquanto,
estamos apenas sendo provocados".
Ban,
o chefe da ONU, disse ontem de manhã que estava “gravemente preocupado sobre a
deterioração da situação” na Ucrânia e apelou para um “completo respeito e
preservação da independência, soberania e integridade territorial” do país.
Mais tarde, Ban falou por telephone com Vladimir Putin, segundo afirmou
funcionários do escritório de Ban. Segundo eles, durante a conversa, Ban
exortou o Presidente russo de que “é crucial que se restaure a calma e que se
proceda a uma imediata desescalada da situação”. Disse ainda que “as cabeças
frias devem prevalecer e o diálogo tem que ser a única ferramenta para por fim
a esta crise”.
Ban
planeja se reunir em Genebra com seu enviado especial Robert
Serry, o primeiro embaixador da Holanda na Ucrânia. Na segunda feira passada
Ban pediu a Serry que fosse à Crimeia como parte de uma missão de levantamento
dos fatos. Entretanto, após ter consultado como as autoridades da região, Serry
decidiu que uma visita não seria possível. Lyall Grant disse que por seu
entendimento Serry não poderia ir pelo fato do espaço aéreo sobre a Crimeia ter
sido fechado. Eliasson chamou a decision de “puramente logística”.
* Francisco Vianna, (com base na agência de notícias AP – Associated Press)
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