Para quem ainda não entendeu por que uma fatia dos ucranianos tem pavor dos russos:
“Eu ouvi as crianças engasgando sufocadas, tossindo e gritando de dor e de fome. Era doloroso ver e ouvir tudo aquilo. E ainda pior era participar de tudo aquilo. Mas eu consegui me persuadir, me convencer e explicar a mim mesmo que aquilo era necessário. Eu não poderia ceder; não poderia me entregar a uma compaixão debilitante. Estávamos efetuando nosso dever revolucionário. Estávamos obtendo cereais para a nossa pátria socialista.
Nosso objetivo maior era o triunfo universal do comunismo, e, em prol desse objetivo, tudo era permissível — mentir, enganar, roubar, destruir centenas de milhares e até mesmo milhões de pessoas.
Era assim que eu e meus companheiros raciocinávamos, mesmo quando eu vi o real significado da "coletivização total" — como eles aniquilaram os kulaks, como eles impiedosamente arrancaram as roupas dos camponeses no inverno de 1932-33.
Na terrível primavera de 1933, vi pessoas literalmente morrendo de fome. Vi mulheres e crianças com barrigas inchadas, ficando azuis, ainda respirando mas com um olhar vago e sem vida. Mas eu não perdi a minha fé na revolução.”
Normalmente é dito que o número de ucranianos mortos na fome de 1932-33 foi de cinco milhões. De acordo com Robert Conquest, se acrescentarmos outras catástrofes ocorridas com camponeses entre 1930 e 1937, incluindo-se aí um enorme número de deportações de supostos "kulaks", o grande total é elevado para entorpecentes 14,5 milhões de mortes. E, mesmo assim, se apenas 1% dos alunos do ensino médio já tiver ouvido falar sobre esses eventos, isso já seria um pequeno milagre.
Um comentário:
Caro Sr. Mario, pela qualidade do ensino brasileiro acredito que um pequeno milagre seria 1% dos professores do ensino médio terem ouvido falar dos milhões de mortos durante a coletivização forçada do stalinismo!
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