A crise que se abate sobre a Petrobras agora expõe
a maior das fragilidades que a companhia adquiriu nos últimos anos – o
enfraquecimento institucional. A compra da refinaria americana revela que a
gestão da maior empresa nacional está exposta a novas armadilhas há mais tempo
do que parecia.
Há pelo menos três anos ficou evidente que a
Petrobras virou instrumento de política econômica em detrimento da gestão de
seus negócios espalhados pelo mundo todo. Numa política monetária às avessas, o
caixa da companhia passou a “financiar” o controle da inflação. Ao impedir o
reajuste dos combustíveis, o governo deixou para a Petrobrás bancar a diferença
entre o que ela paga para importar a gasolina que nós consumimos e quanto ela
recebe ao vendê-la no mercado interno.
Para incentivar a indústria naval brasileira, o
governo exige que a Petrobras obedeça ao índice de conteúdo local, ou seja,
entre 50% e 60% dos bens e serviços contratados pela empresa precisam ter o
selo “made in Brazil”. O parque nacional não consegue atender a todas as
demandas da Petrobras e atrasos de logística e outras operações são
inevitáveis.
Além dos negócios, a companhia tem acionistas e
investidores pelos quatro cantos. Estão todos amargando uma perda bilionária de
valor da Petrobras. Na bolsa de valores local ela foi a que mais perdeu em
2013. Lá fora, no ranking mundial, a Petrobras saiu da lista das 10 maiores
empresas do mundo para a faixa das 120.
Num outro ranking
internacional, a petrolífera está em primeiro lugar – nada de se orgulhar. Ela
tem a maior dívida corporativa do mundo. Cerca de US$ 115 bilhões, ao final de
2013. Na outra ponta está o plano de investimento da empresa, de mais de
US$ 220 bilhões até 2018.
Não há nada de errado na conta, ela não fecha mesmo. Principalmente se a
Petrobras continuar a ser tudo, menos uma empresa. A crise de agora, sobre a
compra e os prejuízos absurdos com a refinaria americana, embute um novo papel
desagradável à companhia. Entre todos eles, o institucional perdeu-se nesse
labirinto de equívocos. E é necessário resgata-lo já.
(...)
*Extraído do texto
de Thais Herédia, no portal G1
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