sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Suspeita de propina derruba presidente da Casa da Moeda

Relatório sustenta que houve desvio por meio de empresas montadas no exterior.
Dirigente afirma que relatório que o acusa é uma "fraude" e que foi vítima de perseguição e armação partidária.
O presidente da Casa da Moeda, Luiz Felipe Denucci, foi demitido no sábado por suspeita de receber propina de fornecedores do órgão via duas empresas no exterior em nome dele e da filha.
A exoneração do servidor, indicado para o cargo pelo PTB em 2008, foi formalizada no fim de semana por um funcionário do terceiro escalão do Ministério da Fazenda e publicada ontem no "Diário Oficial da União".
Ela ocorre após ter chegado à Fazenda informação de que a Folha preparava reportagem sobre o caso.
Denucci relatou a auxiliares do ministro da Fazenda, Guido Mantega, ser vítima de uma armação partidária para tirá-lo do cargo, conforme a reportagem apurou.
Em uma das conversas, chegou a dizer que pediria demissão. Procurou Mantega, mas não foi atendido por ele.
No fim de semana, porém, o governo resolveu se antecipar à reportagem em apuração e o exonerou.
A Fazenda também trabalha com a informação de que o Ministério Público deverá entrar no caso.
As "offshores" dos Denucci foram constituídas nas Ilhas Virgens Britânicas, conhecido paraíso fiscal, em 2010, quando o servidor já comandava a Casa da Moeda.
A Junta Comercial de Miami, nos EUA, confirma a criação das duas empresas: a Helmond Commercial LLC, em nome do próprio Denucci, e a Rhodes INT Ventures, em nome da filha, Ana Gabriela.
Nos últimos três anos, essas "offshores" teriam recebido U$ 25 milhões de operações financeiras no exterior, segundo um relatório da WIT, companhia especializada em transferência de dinheiro com sede em Londres.
Denucci confirma a existência das empresas, mas nega ter feito movimentações financeiras com essas contas.
A WIT aponta que os valores são oriundos de pagamento de comissão feito por dois fornecedores exclusivos da Casa da Moeda, equivalente a 2% dos contratos firmados.
Procurada, a WIT diz ter sido contratada para realizar as transações por Jorge Gaviria, advogado em Miami e procurador dos Denucci.
Informou, ainda, que a movimentação está registrada em sua contabilidade.
Denucci admite conhecer o dono da WIT, a quem chama de primo, mas disse que o relatório é falso.
Apesar de indicado pelo líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes, Denucci foi abandonado pelo padrinho. "Ele tratou o partido como se não tivesse obrigações com ele", disse Jovair.
Enquanto o petebista trabalhava para substituí-lo, o governo resistia. Alegava bom desempenho do servidor e elogiava sua gestão: um lucro inédito de R$ 517 milhões em 2011.
No discurso de despedida proferido ontem para funcionários, Denucci atribuiu sua saída ao que chamou de perseguição implacável contra ele e sua família.
Denucci também é investigado pela Polícia Federal por suposta remessa ilegal de dinheiro do exterior para o Brasil. Ele não teria comprovado a origem de R$ 1,8 milhão depositado em sua conta no Brasil, em 2005.
O Ministério Público Federal também abriu inquérito e, em paralelo, investiga denúncia de direcionamento de licitação.
Em novembro, o Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) confirmou multa da Receita a Denucci devido a essa remessa.
*José Ernesto Credencio, Andreza Matais, Natuza Nery, com colaboração de Flavia Foreque - Folha de São Paulo.

Um comentário:

Poirot disse...

Sr Mario,que tem maracutaia e desvio de dimheiro,eu não tenho duvida.O que me preocupa,é se ele foi mais direto na apropriação do dinheiro publico.É questão de procurar,que vai achar,o modus operandi de mais esta quadrilha.Desviar 500 milhões de reais por mes,não influi no meio circulante brasileiro,porem é um senhor desvio.Estes esquerdistas precisam escolher melhor estes ladrões .que atuam no governo.Poirot