Vejam esta foto, de Ed Ferreira, da Agência Estado:
Aí estão os ministros Antonio Palocci e a presidente Dilma Rousseff numa solenidade de assinatura do termo de compromisso (ufa!) para a construção de creches. Se der tempo, ainda hoje lembro quantas ela prometeu em campanha… Adiante.
Fotos também são “discursos”, como gostam de dizer os estudantes de lingüística da USP, quando os esquerdopatas não os impedem de estudar. Palocci é a imagem do constrangimento. Acostumado a ser o gênio dos bastidores, trazido à ribalta, exibe esse ar vexado, de quem, no fim das contas, não tem explicações a dar porque o que se sabe é inexplicável.
Até outro dia, quem fazia a costura política era ele — formalmente, ainda tem essa função. Também era um notável pauteiro do jornalismo, com sua simpatia habitual. Usava habilmente a imprensa para desancar adversários internos (no PT e no governo), para deixar meio aparvalhada a oposição, para anunciar grandes horizontes. Era, para lembrar uma expressão de Fernando Pessoa, o mordomo invisível que administrava a casa, mas sempre muito presente. O que não se sabia é que cuidava do próprio futuro com ainda mais denodo. Agora, ele é alguém que precisa desesperadamente de uma explicação. Dá a impressão, inclusive, de ter engordado muito nos últimos dias. A tensão faz com que algumas pessoas comam demais.
Dilma está infeliz, nota-se. Está com o ar abatido. Tem administrado tudo muito mal: da crise que envolve Palocci à boataria sobre seu estado de saúde. Estes correm soltos, mas de forma surda, já que aprendemos a ser decorosos e consideramos que saúde de chefe de estado é um problema privado.
Sendo assim, abriu-se um vácuo. E ninguém menos do que Luiz Inácio Apedeuta da Silva começou a ocupá-lo ontem no papel de condestável da República. Dilma é um fenômeno que não tem como ser mito. Está murchando. Já murchou.
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