Vamos a uma abordagem perigosa, delicada mesmo, do que se passa no Rio. Para má sorte — a adicional — das vítimas, a tragédia ocorreu nos primeiros dias do governo Dilma Rousseff, no exato momento em que boa parte da imprensa estava construindo uma nova mitologia — está ainda — como chamei aqui: a da Dilma competente e silenciosa, em suposta oposição a seu antecessor, o Lula falastrão e buliçoso. A presidente seria aquela que se esgueira nas sombras, no boníssimo sentido, para fazer o necessário. Enquanto o Babalorixá buscava os holofotes, ela, “mais técnica”, quer saber é de eficiência. Sei…
O céu desabou sobre a região serrana no Rio no meio desse culto à Dilma toda-pura, àquela Sem Pecados.
Some-se a essa patifaria intelectual uma outra: Sérgio Cabral, governador do Rio, é o novo inimputável da política brasileira. Em muitos sentidos, quem ocupa o vácuo deixado por Lula é ele, não Dilma. Parte da imprensa gosta dele. Dias antes da tragédia, ele ocupava o noticiário nos convidando a deixar de ser “hipócritas”: 1) “Quem nunca teve uma namoradinha que foi obrigada a abortar?”, ele indagava, tentando socializar os pecados; 2) não legalizar o jogo é coisa de moralistas trouxas; 3) drogas? Ora, é preciso discutir a legalização. Alguma crítica? Ao contrário! Cabral passava por corajoso. E foi como um destemido que ele se mandou do Rio em viagem de férias justamente no período em que os morros do estado que ele dirige costumam se liquefazer. Até ele sabe que algo não foi bem, tanto que chegou em falar na necessidade “autocrítica”, mas não agora evidentemente.
*Leia mais no Blog do Reinaldo Azevedo
Um comentário:
Em terra de sego,
Quem tem um olho é rei,...
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