Se o mensalão foi uma farsa, como ensina o Grande Pastor e repete o rebanho, então também não existiu nenhuma quadrilha. Se não existiu quadrilha, então também não houve chefe de quadrilha. Se não houve chefe de quadrilha, então não existiram motivos para que José Dirceu atendesse prontamente à ordem de Roberto Jefferson ─ “Sai daí rápido, Zé!” ─ e caísse fora da Casa Civil. Se o pai de todos os escândalos não passou de invencionice da oposição e da imprensa golpista, então a Procuradoria Geral da República embarcou num embuste. Se tratam como caso sério o que é só uma farsa, então os ministros do Supremo Tribunal Federal são farsantes também.
Encadeadas, tais as deduções berram que Lula e seus devotos nunca tiveram motivos para condicionar ao desfecho do processo dos mensaleiros a reparação devida ao mais injustiçado dos companheiros. Essa constatação conduz a duas perguntas. Por que Lula, que jura ter visto a luz ainda em 2005, não reconduziu Dirceu ao ministério? E por que Dilma Rousseff ainda não incluiu o camarada de armas no grupo de “articuladores políticos” que aceita até um Gilberto Carvalho ou uma Ideli Salvatti?
Uma única resposta dissolve o falso enigma: porque os farsantes são eles.
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