Na Veja:
Na próxima quarta-feira, os festejos do dia da Independência não se limitarão aos desfiles militares.
A comemoração verde e amarela será invadida por cartazes de indignação contra a safra de escândalos envolvendo figuras ligadas ao governo.
Manifestantes espalhados por pelo menos 35 cidades vão pedir o fim da corrupção e da impunidade. Não há partidos políticos nem lideranças engajadas no movimento.
Espontaneamente, 130 000 pessoas já confirmaram presença nos protestos através das redes sociais.
“Muita gente me pergunta: será que vai funcionar mesmo? Eu acho que vai. O governo tem que acordar e perceber que não aguentamos mais”, aposta a gerente de projetos Carla Zambelli, organizadora do movimento NASRUAS.
Como ela, jovens preparam manifestações e tentam estimular a disseminação da campanha.
“O importante é unir forças”, diz.
São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro abrigam o maior número de cidades que terão eventos próprios.
Mas a mobilização foi muito além da Região Sudeste. Haverá protestos no Acre, na Bahia, no Pará, no Paraná e em mais dez estados.
Só na cidade de São Paulo, duas passeatas vão sair diante do prédio do Masp. Às 9 horas de quarta, um grupo abrirá o ato de protesto junto com o desfile da Independência.
Durante a tarde, às 14 horas, uma escola de samba batizada de “Unidos contra a corrupção” tomará a avenida Paulista vestida de preto. Por enquanto, espera-se o comparecimento de 25 000 pessoas.
Poucos habitantes, muitos manifestantes – Não só os moradores das capitais prometem protestar no dia da Independência. Com 60 000 habitantes, o município gaúcho de Carazinho já está vendendo camisetas para gritar contra a corrupção.
Quase mil quilômetros distante, os moradores de Mairiporã, na região metropolitana de São Paulo, também já reuniram cerca de 500 pessoas através da divulgação boca a boca.
Panfletos, bandeiras e cartazes ficam por conta dos manifestantes, que bancam as despesas com a organização das passeata.
"Já pensamos em procurar alguns partidos para tentar algum apoio ou parceria, mas decidimos ser apartidários”, conta o estudante Vitor Lorenze, organizador do grupo “Dia do Basta”, que protestará em São Paulo.
Jovens promotores – Aos 18 anos, Vitor é um dos rostos mais jovens a frente das mobilizações. Ao lado de amigos que têm entre 15 e 19 anos, ele já organizou três atos na capital paulista ao longo deste ano. Agora, vai se juntar a outros grupos e reunir o maior número possível de pessoas.
“Uma coisa muito triste que costumo ouvir é que a juventude hoje em dia não faz nada. Mas existem, sim, jovens interessados nos problemas do país que saem às ruas para protestar”, afirma.
Resta saber se todos estarão lá no dia 7. Para Carla Zambelli, já passou da hora de acordar. “Desde os caras-pintadas, o brasileiro não fez mais nada”, diz.
“Todos ficaram dormindo, sem tempo para pensar nisso. Agora chegou o momento de reavivar este sentimento.”
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