No dia 27 de agosto de 2009, Antonio Palocci tirou um peso enorme das costas. Graças à competente atuação de seu advogado, o criminalista José Roberto Batochio, Palocci foi inocentado no Supremo Tribunal Federal, por seis votos a cinco, da acusação de quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. A culpa recaiu sobre dois outros réus: seu assessor de imprensa, Marcelo Netto, e o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso.
Palocci foi absolvido, o caso foi encerrado e fogos de artifício foram disparados no meio empresarial. Aos poucos, ele começou a se recolocar no jogo político, até assumir a coordenação de campanha da presidente Dilma Rousseff. Mas o crime do passado, agora, volta a assombrá-lo. De Londres, o jornalista Paulo Nogueira, que era diretor editorial das Organizações Globo, respondendo por revistas como Época, Época Negócios, Marie Claire e Quem, tem publicado posts sobre uma das feridas abertas da casa da família Marinho. “Foi o Palocci quem passou para nós o dossiê calunioso”, disse Nogueira. “Palocci foi quem fez chegar a nós, na redação da Época, informações que supostamente desqualificariam um caseiro de Brasília que dissera que ele frequentava uma mansão pouco recomendável quando ele era ministro da Fazenda. Na época, eu era diretor editorial das revistas da Globo, a principal das quais era e é a Época. Foi um dos episódios mais desagradáveis de minha carreira”, continua o jornalista.
De acordo com o relato do ex-diretor da Época, o dossiê não foi levado diretamente aos jornalistas, mas sim à cúpula das Organizações Globo. “Muitos políticos preferem conversar diretamente com os donos, e não com os jornalistas. Não é uma peculiaridade brasileira. Churchill só falava com os proprietários quando era primeiro-ministro do Reino Unido”, diz Nogueira. “Foi um momento particularmente penoso em minha carreira de editor, por motivos óbvios. Ninguém vai fazer jornalismo para depois ajudar um ministro a desmoralizar um caseiro de forma fraudulenta. Nossos sonhos e ilusões são bem mais elevados.”
Paulo Nogueira, no entanto, afirma que Época não se envolveu nessa operação totalmente ciente da fraude. “Imaginávamos, ao publicar a história, que de fato tinham sido feitos depósitos na conta do caseiro. Logo ficou claro que não. Também ficou clara em pouco tempo a desfaçatez de Palocci ao dizer que não fizera o que fez”.
Mas, por que só agora vir a público e fazer tais revelações, Paulo Nogueira? Esta foi a pergunta feita por um de seus leitores. Paulo responde: “Ora, contei que foi o Palocci porque a ocasião é propícia. Lá está ele num cargo importante de novo sem as qualificações morais necessárias. Claro que ele não teve nada a ver com minha saída da Globo”. O jornalista foi afastado do comando das revistas, numa disputa interna, há pouco mais de dois anos.
Lá atrás, a reportagem de Época que tentou virar o jogo do caso Francenildo chamava-se “Quem está dizendo a verdade?”. Foi assinada pelos jornalistas Andrei Meirelles e Gustavo Krieger – este, hoje, está trabalhando do outro lado do balcão, participando da “gestão de crise”, do caso Palocci, como diretor da FSB em Brasília (leia mais a respeito).
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