quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Collor afirma sobre Sarney:"Ele é tão inocente quanto eu!"

Um discurso do senador Pedro Simon ressuscitou nesta segunda-feira o Fernando Collor quando presidente. O brilho da cólera no olhar, a mesma gesticulação de pugilista ansioso pelo nocaute, a voz de tenor sempre à beira do som da fúria, a arrogância congênita, o permanente desentendimento entre sujeito e predicado ─ lá estava, em sua abjeta inteireza, o Collor do século passado. Ofendido com os ataques de Simon a José Sarney, que acusou de corrupto tantas vezes, o senador alagoano alistou-se na patrulha formada pela base alugada para silenciar discursos inconvenientes. Jurou eterna fidelidade ao presidente Lula, que qualificou de ignorante e cobriu de insultos na campanha eleitoral de 1989. ”Já estivemos em lados opostos”, admitiu. Hoje até se abraçam em público. Explicou que foi despejado da Presidência não por tê-la desonrado, mas por ter sido alvo de uma trama que juntou inimigos da pátria e jornalistas cruéis. E então proibiu Simon de mencionar seu nome. E enfim proibiu os descontentes de continuarem pedindo a renúncia do presidente do Senado. “Ele é tão inocente quanto eu”, garantiu. Se de fato queria ajudar Sarney, não deveria ter dito isso. Foi a acusação que faltava.
Sabia-se que Sarney não fez pouca coisa. Mas só se soube agora que fez o suficiente para que um Fernando Collor pudesse considerá-lo um igual.

Nenhum comentário: