
Dali surgiu um documento com propostas para combater a crise, subscrito por Tasso, Jarbas e mais Sérgio Guerra (PSDB-PE), Cristovam Buarque (PDT-DF), Tião Viana (PT-AC), Renato Casagrande (PSB-ES), Arthur Virgílio (PSDB-AM), Demóstenes Torres (DEM-GO) e Pedro Simon (PMDB-RS). Entre as medidas, a demissão imediata do atual diretor-geral Alexandre Gazineo e uma auditoria externa para analisar os contratos celebrados com empresas privadas.
Mas algumas perguntas são inevitáveis: onde estavam os éticos do Senado quando vários desmandos foram cometidos pelo ex-diretor-geral, Agaciel Maia, que ficou 14 anos no cargo com a bênção de seguidas mesas diretoras? Não sabiam que pode chegar a mil o número de atos secretos baixados nos últimos dez anos, que serviram para nomear apadrinhados de senadores e de diretores, aumentar salários, criar cargos, contratar empresas, proteger servidores envolvidos em maracutaias?
É difícil acreditar que um senador nunca, nesta ou em outra legislatura, soubesse de nada ou não tenha precisado de uma benesse a partir de um ato, secreto ou não, da diretoria da Casa.
Afinal, os diretores do Senado são uma espécie de assessores de luxo dos senadores. "Toda criação de cargo é feita pela mesa diretora e convalidada pelo plenário. E são os próprios senadores que preenchem esses cargos criados. Ninguém pode dizer que não sabia", garantiu, durante a semana, Agaciel, um dos pivôs da crise. "Acho meio canhestro sair por aí dizendo que a gente não sabe de nada", reconhece o ex-presidente da Casa Garibaldi Alves (PMDB-RN). "não há decisão que não passe pelo colégio de líderes e pela mesa. Vivemos aqui um grande teatro", constata Wellington Salgado (PMDB-MG). Não à toa, quando passou pela Casa como representante do Rio de Janeiro (1991-1997), Darcy Ribeiro descreveu o Senado como o "céu". Com uma vantagem: "Não é preciso morrer para estar nele." A cumplicidade também vem de longe. Numa crônica publicada em 1899 ("O Velho Senado"), Machado de Assis revelou que a Casa é como se fosse uma grande família desde os tempos do Império: "Tinham um ar de família. Dissentiam sempre, mas é próprio das famílias numerosas brigarem, fazerem as pazes e tornarem a brigar", diz o texto. Os proclamados "éticos" não estão imunes. "O Senado é um clube de amigos", atesta o historiador Marco Antonio Villa, da Universidade Federal São Carlos.
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