segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Os três “ântis”


Reinaldo Azevedo

Israel tem muitos inimigos, é sabido. Há os anti-semitas explícitos, que vêem nos judeus o mal do mundo e pregam abertamente o fim daquele país. Há o anti-semitismo mitigado, que vai assumindo as mais variadas feições (desde que os judeus percam no fim do jogo), procurando fugir da caracterização racista, e há o antiisraelismo como variante do antiimperialismo (vocês sabem, esse “imperialismo” que Obama viria agora humanizar...). Todos esses inimigos de Israel inventaram a tese de que o país atacou os terroristas do Hamas para indispor os palestinos com aquela facção e, assim, enfraquecê-la. E, agora, dizem: “O Hamas saiu fortalecido; logo, Israel se deu mal”. Na seqüência, aparece a turma do “Não falei? O melhor teria sido negociar”.
Trata-se de uma farsa formidável. No fato e na retórica. Qual é a evidência ou indício de que Israel pretendia indispor a população de Gaza com o Hamas? Será que o país não acumulou experiência o suficiente para saber que seria visto como o vilão pelos palestinos? Haveria alguma outra possibilidade? Pode-se não gostar dos israelenses pelos mais diversos motivos. Mas que não se os acuse de estúpidos. E é uma farsa retórica porque, no suposto interesse de Israel, aponta-se a inutilidade da guerra. É mesmo? Israel, como se vê, sem saber o que é bom para si mesmo (e o que será, hein?), já sai jogando bombas. Trata-se de disfarçar o anti-semitismo, o anti-israelismo ou anti-imperialismo (quiçá as três coisas juntas) numa suposta crítica de natureza política e estratégica. Fosse uma crítica intelectualmente honesta, convenham que estaríamos diante de especialistas realmente ambiciosos: eles saberiam o melhor caminho para Israel se defender, coisa que aquele estado não teria aprendido até hoje...
Nota antes que prossiga: indago acima o que os tais críticos acham que seria “o bom” para Israel. Ora, “o bom” para Israel seria negociar com o Hamas, que se atribui a missão divina — NOTEM BEM: DIVINA — de destruir Israel. E aqui uma observação importante: considera-se que trazer o Hamas para o terreno da política — enquanto eles jogam foguetes e treinam homens-bomba — repete o que já se fez com o Fatah, que foi do terrorismo è negociação e hoje reconhece a existência de Israel. O paralelo é falacioso. O Fatah é um grupo laico. Para ele, recorrer ou não ao terrorismo é uma escolha terrena. Com o Hamas é diferente. Basta ler a sua carta de fundação. SEM A DESTRUIÇÃO DE ISRAEL, O HAMAS NÃO TEM RAZÃO DE SER. Logo, os finos estrategistas pedem que Israel fortaleça quem quer destruí-lo. Como se vê, o país tem bons motivos para ignorar tais conselheiros, não?
Israel atacou o Hamas porque estava sendo atacado — porque, em oito miseráveis meses, foi alvo de 1.386 foguetes. Israel atacou o Hamas para diminuir o poder de fogo do terror. Eis bons motivos para reagir. Poderia tê-lo feito de forma "proporcional e simétrica", jogando 1.386 foguetes em Gaza, também a esmo. Dada a densidade demográfica da região e a forma como os fanáticos tratam as crianças, haveria muitos milhares de mortos. Preferiu uma guerra com alvos escolhidos, vitimando, infelizmente, também civis porque a CARNE PALESTINA FOI TORNADA BARATA PELOS TERRORISTAS DO HAMAS, QUE USAM OS CIVIS COMO ESCUDOS, DIANTE DO SILÊNCIO CÚMPLICE DA ONU. ONU? É aquela entidade que tem como representante na região um sujeito que acredita que o 11 de Setembro foi uma armação dos próprios americanos só para jogar a culpa nos radicais islâmicos...
Essa história de que Israel acabou atuando contra seus próprios interesses é só uma das faces do anti-semitismo, do antiisraelIsmo ou do antiimperialismo. Ou das três coisas somadas.

Nenhum comentário: