segunda-feira, 27 de julho de 2015

A vaca premiada e a dura missão de Dora Cavalcanti de explicar o inexplicável.

Dora: dura missão
Dora Cavalcanti, advogada de Marcelo Odebrecht, ao tentar rechaçar em sua entrevista coletiva de anteontem as interpretações que a PF fez das anotações do seu cliente nos oito celulares que possuía (repita-se: Marcelo usava oito celulares), afirmou que “Vaca 2,2 milhões?” referia-se a uma nota publicada no Radar.
Beleza. Em 1º de junho de 2013  foi publicada aqui uma informação sobre a compra feita por Maurício Odebrecht, irmão de Marcelo, de uma vaca nelore por um valor inusitado de 2,2 milhões de reais. (leia a nota aqui ). Marcelo poderia estar, de fato, interessado em detalhes sobre o leilão, como disse Dora.
O problema é que agora cabe à advogada da Odebrecht explicar as outras referências a um certo Vaca que constam das anotações de Marcelo – e que nada têm a ver com um animal (citações, aliás, próximas de outras em que ele fala de “Vaccari” e “Vaccarezza”). Por exemplo:
*”40 para Vaca (parte para Feira)
*Liberar p/Feira pois meu pessoal não fica sabendo.Deixar prédios com Vaca.
Chama a atenção que entre mais de 500 anotações de Marcelo Odebrecht, a defesa consiga apontar apenas um erro de interpretação dos agentes da PF. (leia mais aqui  )

Marcelo Odebrecht: mensagens cifradas
Nas explicações que deu na sexta-feira, além das obviedades que faltaram explicar (leia mais aqui  ), Dora Cavalcanti costumeiramente tão atenta aos detalhes, como todo advogado, relevou um outro ponto fundamental que joga por terra sua defesa.
De acordo com o relatório da PF, a mensagem de Marcelo Odebrecht foi escrita no dia 16 de janeiro de 2013, quase seis meses antes do leilão em que o seu irmão arrematou a vaca nelore – e portanto, também, da nota publicada no Radar.
Como Marcelo conseguiu prever o resultado de um leilão com essa antecedência? Independentemente de suas qualidades como homem de visão empresarial, é uma previsão impossível de ser feita.
Mais: por que a advogada da Odebrecht nem sequer supôs que a sigla LJ poderia ser de Leonel Jardim, executivo da Odebrecht que já atuou no braço agropecuário do grupo?
*Por Lauro Jardim, na Veja.com

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