1. Todos
os militantes de esquerda mortos pela repressão à guerrilha eram pessoas
envolvidas de algum modo na luta armada. Entre as vítimas do terrorismo,
ao contrário, houve civis inocentes, que nada tinham a ver com a encrenca.
2.
Mesmo depois de subir na vida e tomar o governo, tornando-se poderosos e não
raro milionários, os terroristas jamais esboçaram um pedido de perdão aos
familiares dessas vítimas, muito menos tentaram lhes dar alguma
compensação moral ou material. Nada, absolutamente nada, sugere que
algum dia tenham sequer pensado nessas pessoas como seres humanos; no máximo,
como detalhes irrisórios da grande epopéia revolucionária. Em
contrapartida, querem que a opinião pública se comova até às lágrimas com
o mal sobrevindo a eles próprios em retaliação pelos seus crimes, como se a
violência sofrida em resposta à violência fosse coisa mais absurda e
chocante do que a morte vinda do nada, sem motivo nem razão.
3. Bradam
diariamente contra o crime de tortura, como se não soubessem que aprisionar à
força um não-combatente e mantê-lo em cárcere privado sob constante ameaça de
morte é um ato de tortura, ainda mais grave, pelo terror inesperado com
que surpreende a vítima, do que cobrir de pancadas um combatente preso que
ao menos sabe por que está apanhando. Contrariando a lógica, o senso comum, os
Dez Mandamentos e toda a jurisprudência universal, acham que explodir
pessoas a esmo é menos criminoso do que maltratar quem as explodiu.
4.
Mesmo sabendo que mataram dezenas de inocentes, jamais se arrependeram de
seus crimes. O máximo de nobreza que alcançam é admitir que a época não está
propícia para cometê-los de novo – e esperam que esta confissão de
oportunismo tático seja aceita como prova de seus sentimentos pacíficos e
humanitários.
5. Consideram-se
heróis, mas nunca explicaram o que pode haver de especialmente heróico em
ocultar uma bomba-relógio sob um banco de aeroporto, em aterrorizar
funcionárias de banco esfregando-lhes uma metralhadora na cara, em armar tocaia
para matar um homem desarmado diante da mulher e do filho ou em esmigalhar a
coronhadas a cabeça de um prisioneiro amarrado – sendo estes somente
alguns dos seus feitos presumidamente gloriosos.
6. Dizem
que lutavam pela democracia, mas nunca explicaram como poderiam criá-la com a
ajuda da ditadura mais sangrenta do continente, nem por que essa ditadura
estaria tão ansiosa em dar aos habitantes de uma terra estrangeira a liberdade
que ela negava tão completamente aos cidadãos do seu próprio país.
7. Sabem
perfeitamente que, para cada um dos seus que morria nas mãos da polícia
brasileira, pelo menos 300 eram mortos no mesmo instante pela ditadura que
armava e financiava a sua maldita guerrilha. Mas nunca mostraram uma só gota de
sentimento de culpa ante o preço que sua pretensa luta pela liberdade custou
aos prisioneiros políticos cubanos.
Desses sete fatos decorrem
algumas conclusões incontornáveis. Esses homens têm uma idéia
errada, tanto dos seus próprios méritos quanto da insignificância alheia. Acham
que surrar assassinos é crime hediondo, mas matar transeuntes é inócuo acidente
de percurso (e recusam-se, é claro, a aplicar o mesmo atenuante às
mortes de civis em tempo de guerra, se as bombas são americanas). São
hipersensíveis às suas próprias dores, mesmo quando desejaram o risco
de sofrê-las, e indiferentes à dor de quem jamais a procurou nem
mereceu.Procedem, em suma, como se tivessem o monopólio não só da
dignidade humana, mas do direito à compaixão. Qualquer tratado de
psiquiatria forense lhes mostrará que esse modo de sentir é característico de
criminosos sociopatas, ególatras e sem consciência moral.
Não tenham ilusões.
É esse tipo de gente que governa o
Brasil de hoje. Não podemos permitir que governem o de amanhã.
*Olavo de Carvalho, filósofo
*Olavo de Carvalho, filósofo
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