segunda-feira, 15 de junho de 2015

A podridão ideológica da Folha de São Paulo.

A Folha de S. Paulo publicou hoje um editorial intitulado “Submissão”.
De fato, é a submissão da Folha ao governo do PT - o que merece uma análise mais detalhada.
O texto reclama que “tornou-se rotineiro, nos debates do Congresso, que este ou aquele parlamentar invoque razões bíblicas para decisões que cumpre tratar com racionalidade e informação”.
O advogado Adriano Soares da Costa escreveu um ótimo texto a respeito no Facebook. Transcrevo e complemento abaixo:
“A Folha de S.Paulo confunde progresso com laicismo, e obscurantismo com religiosidade. O seu editorial de hoje é simplesmente um culto à ignorância letrada, ao maniqueismo raso e ao politicamente correto mais alarve. O centro do raciocínio pode ser resumido em uma frase, que lá não se apresenta às claras, porém grita em cada linha do texto: a religião é um assunto privado e irracional.
A Folha critica o conservadorismo da sociedade brasileira, agora com parlamentares que não têm mais medo de dizerem-se conservadores. A blitz de grupos organizados de esquerda, que dominam os editoriais e meios de comunicação social, não consegue mais impor a sua pauta do liberalismo moral e da perseguição a toda expressão religiosa presente no espaço público do comércio das ideias.
Os conservadores de hoje são letrados, estudiosos, sem receio do debate público sobre a sociedade que queremos, que não é aquela da esculhambação total e da destruição dos valores familiares. Não há hipocrisia em ser conservador e errar eventualmente em sua vida; a hipocrisia está em usar a prática constante do erro como desculpa para transformá-lo em acerto e vinculante para todos. Nada mais hipócrita do que o erro chamado de virtude pelos que erram, apenas para a autojustificação.
O cristão, por exemplo, sabe-se pecador. Porque reconhece que há uma demarcação entre o certo e o errado, cujo polo não advém da sua própria vontade, mas da fé em Cristo. Não é um Cristo patético, maleável, tolinho, mas aquele que expulsa os vendilhões do Templo e chama o mal de mal e o bem de bem, nos indagando se não desejamos ir embora como tantos que abandonam a fé e as suas exigências [Jo 6, 67-69: "Então Jesus interpelou os doze: 'Vós também desejais ir embora?' Mas Simão Pedro respondeu a Ele: 'Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Sendo assim, nós temos crido e reconhecido que Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo."].
Sob o nome de laicismo se esconde o ódio à lícita expressão da religiosidade em todos os quadrantes da vida humana. Um Estado laico não é – como desejariam muitos – um Estado de cidadãos sem fé, sem Deus, sem valores religiosos. E a cidadania se exerce também pela vivência da religiosidade no espaço público, nas discussões políticas, nas decisões mais relevantes. E invocar a Bíblia não é menos legítimo do que invocar a Ciência, a Razão e que tais, cujos postulados em temas morais e sociais são inverificáveis como ocorre com os postulados de todas as ciências ideográficas (Windelband).
Leio o editorial da Folha e penso: que arrogância tosca a do seu redator. Estudassem um pouco mais, já teriam superado as categorias teóricas dos anos 60 do século passado, ainda hoje vividas por saudosistas empedernidos, necrosados na capacidade de refletir para além dos marcos marxianos da história e da cultura.”
Exato.
Karl Marx professava “odiar todos os deuses” e definia o ateísmo como “a negação de Deus, por meio da qual se afirma a existência do homem”.
Com a ascensão do ateísmo, multiplicaram-se as matanças de padres e crentes em medida jamais sonhada pelo próprio líder da Revolução Francesa, Robespíerre, o monstro do “Terror” jacobino de 1793, ano em que até 40 mil franceses foram guilhotinados em processos sumários. 
A Folha não quer que parlamentares citem a Bíblia, mas Karl Marx está liberado.
As ideias (contra Deus e a favor da luta de classes) que mataram mais seres humanos do que todos os terremotos, furacões, epidemias e desastres aéreos do último século, mais duas guerras mundiais, podem ser não apenas citadas, macaqueadas e expressas no Congresso Nacional, como também aplicadas na formulação de leis, que naturalmente não despertam nos editorialistas marxistas da Folha a menor repulsa.
Eles desconhecem a regra elementar do próprio Marx, de que a verdadeira substância de uma ideia é a sua prática e não a sua mera formulação conceitual. A prática marxista resultou nos mais de 100 milhões de mortos sob regimes comunistas, sem contar os assassinatos em supostas democracias onde as leis baseadas no discurso marxista permitem que bandidos “vítimas da sociedade” permaneçam soltos.
A propósito: a Folha diz que o Legislativo se transformou em um “picadeiro pseudorreligioso, onde se encenam orações e onde se reprime, com gás pimenta, quem protesta contra leis penais duras e sabidamente ineficazes”.
Parece um editorial escrito a quatro mãos (talvez quatro pés) pelo socialista Jean Wyllys, do PSOL, e pela comunista exemplar Jandira Feghali, do PCdoB, dois ícones das linhas auxiliares do PT.
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Pois é. O que a Folha chama de “protesto contra leis duras” foi o impedimento de uma votação democrática sobre a redução da maioridade penal, cometido por militantes do PT que, dias depois, durante o discurso de Lula no Congresso Nacional petista, entoaram os mesmos gritos com que haviam tumultuado aquela sessão: “Não! Não! Não à redução!”
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A Folha condena momentos de oração no Legislativo, como Jean Wyllys, enquanto legitima o impedimento de uma votação democrática, como Jandira Feghali. É a inversão total de valores. É como se rezar o Pai Nosso fosse mais autoritário que atropelar a sessão dos parlamentares eleitos pelo povo para defender uma posição contrária à do povo.
Há 12 anos, quando o índice começou a ser medido pelo Datafolha, a imensa maioria dos brasileiros se diz a favor da redução. Em 2003 e 2006, eram 84% a favor. Hoje, 87%. Como escreveu meu compadre Alexandre Borges: “Não é uma opinião ‘no calor dos fatos’, na ‘emoção’, é a posição clara do Brasil, que quer uma lei ao menos mais próxima de países menos esquizofrênicos e minimamente preocupados com a segurança da população.”
Quanto ao “sabidamente ineficazes” da Folha, trata-se do quinto mito sobre a redução, entre os sete desfeitos pela VEJA desta semana em reportagem especial que traz a “racionalidade” e a “informação” faltantes no editorial acusatório do jornal. Em resumo:
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Claro.

Mas a Folha ainda chega ao cúmulo de atacar “a virulência ideológica dos que consideram a defesa dos direitos humanos uma complacência diante do crime”. É o enésimo exemplo de aplicação da recomendação atribuída a Lenin: “Xingue-os do que você é, acuse-os do que você faz.”
A virulência ideológica da Folha ignora que a defesa dos “direitos humanos” (com aspas) foi o que permitiu que os assassinos de Jaime Gold na Lagoa e Danielly no Piauí, por exemplo, estivessem soltos para cometer seus crimes, mesmo tendo “passado” diversas vezes pela polícia por outros crimes.
A realidade mostra que o resultado da complacência são cadáveres de inocentes (esfaqueado, no caso do médico; torturada, estuprada e apedrejada, no da estudante). Onde estão os direitos humanos (sem aspas) de Jaime Gold e Danielly? No cemitério da Folha de S. Paulo.
Depois de entupir o texto com outros ataques em forma de adjetivos e rótulos, como:
- “um espírito crescente de fundamentalismo”,
- “com fins demagógicos e de promoção pessoal”,
- “mais visíveis sintomas de reacionarismo político, prepotência pessoal e intimidação ideológica”,
- “pouco têm a contribuir para a coexistência entre indivíduos numa sociedade civilizada e plural”,
- “uma verbiagem religiosa toma conta do Congresso”,
- “uma espécie de furor sacrossanto”,
- “os inquisidores da irmandade evangélica”
…e outras expressões frequentes em blogs sujos do PT, a Folha ainda afirma que os “demagogos da bala e da tortura avançam sobre a ordem democrática e sobre a cultura liberal do Estado”.
Sim: a mesma Folha, repito, que legitimou o impedimento da votação democrática sobre a redução.
A realidade ignorada pela Folha mostra que os verdadeiros demagogos da bala e da tortura são os grupos de parlamentares, jornalistas e militantes que defendem a liberdade para menores de idade assassinos e torturadores.
Para isso, naturalmente precisam xingar e atribuir seu próprio fanatismo aos adversários que racionalmente não conseguem vencer.
Lula comemorou no Congresso do PT o fato de que “só neste ano, tivemos 50 demissões de jornalistas na Folha de S.Paulo”. O editorial, no entanto, derruba de vez o mito de que o jornal faz uma oposição reacionária ao PT, ainda que alguns repórteres e colunistas deem notícias que incomodem o suposto partido. No tema que demarca claramente a divisão entre esquerda e direita, a Folha não só fica do lado da esquerda petista, como repete todo o seu modus operandi.
Ninguém precisa concordar 100% com as opiniões da bancada religiosa do Congresso para notar as vigarices do editorial.
O momento mais cômico do texto é quando a Folha cita a reprovação do onanismo, entre outras coisas pregadas por “muitas religiões”, para afirmar em seguida que “nem por isso se pretende, nas sociedades ocidentais, adaptar o Código Penal a esse tipo de prescrições, dos quais muitos exemplos podem ser encontrados no texto bíblico”.
Desconheço o projeto de lei que proíbe a masturbação.
Diariamente, no entanto, vejo editorialistas que aderem à versão jornalística da prática para deleite do governo.

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