quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Temer admite: mudança trabalhista foi pensada antes da eleição.

O vice-presidente Michel Temer (PMDB)
O vice-presidente Michel Temer (PMDB) (Marcio Ambrosio/Futura Press)


Vice-presidente afirmou que questão foi discutida 'no passado'. Sobre a eleição na Câmara, disse que não crê que Eduardo Cunha seja alvo de perseguição.

Bruna Fasano

O vice-presidente da República, Michel Temer, presidente nacional do PMDB, admitiu nesta segunda-feira que o pacote de endurecimento de regras para a concessão de benefícios como o seguro-desemprego foi desenhado antes da campanha eleitoral do ano passado. Mas saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff, negando que ela tenha mentido durante a corrida eleitoral – a petista, mesmo já trabalhando em um pacote de ajustes, insinuava que seus adversários pretendiam alterar a legislação que garante direitos trabalhistas.
Questionado se as alterações anunciadas teriam sido discutidas antes da eleição, afirmou: “Os ajustamentos começaram a ser examinados no passado e agora vão ser implementados”. E prosseguiu: “São variações mais do que naturais”. Temer participou de debate na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) na capital paulista.
Reportagem desta segunda-feira do jornal Folha de S. Paulo informa que os ajustes começaram a ser traçados antes das eleições. Ainda em agosto, o governo reduziu em 8,8 bilhões de reais a previsão de gasto com o abono salarial para 2015 – como consta no Projeto de Lei Orçamentária Anual deste ano, enviado naquele mês pelo Planalto ao Congresso. Segundo o jornal, um integrante do governo afirmou que tal previsão foi feita já com base nas novas regras, que seriam anunciadas apenas depois do pleito.
Em meio ao vale-tudo promovido pelo PT para frear o "furacão Marina" em setembro de 2014, Dilma sugeriu que a adversária pretendia acabar com direitos trabalhistas em vigor e disparou uma frase cunhada pela sua equipe de marketing para chacoalhar a militância petista nas redes sociais: "Nem que a vaca tussa", esbravejou. A expressão foi usada à exaustão pela campanha, numa ofensiva pela desconstrução da imagem de Marina – cuja candidatura minguou vertiginosamente na sequência. Na reta final do primeiro turno, uma vaquinha malhada chegou a ser mote de sindicalistas alinhados à então presidente-candidata para uma “mobilização nacional” em defesa dos trabalhadores.
Câmara – Temer comentou ainda a disputa pela presidência na Câmara dos Deputados, que será decidida em eleição no próximo domingo. O vice-presidente apoia a candidatura de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), desafeto da presidente Dilma. “Tenho certeza de que, ao final desta semana, feita a eleição, a Câmara se pacificará em torno do candidato eleito”, afirmou o peemedebista.
O vice-presidente também falou sobre a gravação, tornada pública por Cunha, em que o nome do parlamentar é citado numa negociata. Para Temer, o candidato do partido não é alvo de perseguição dos adversários. “É natural que ocorram acidentes e incidentes. Nesta última semana, há um agravamento desses incidentes”, disse.

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