domingo, 25 de janeiro de 2015

O programa de índio de Dilma no país da cocaína e o cinismo de Marco Aurélio Garcia sobre o tráfico.

"Será que essa dupla quer salvar o planeta com drogas?"
A presidente Dilma Rousseff trocou a reunião anual do World Economic Forum na cidade de Davos, nos Alpes suíços, pela terceira posse consecutiva do companheiro bolivariano Evo Morales, que chamou o capitalismo de “filosofia de morte”, disse que “não existe o primeiro mundo, nem o segundo, nem o terceiro, nem o quarto”, e que só o “povo originário, o povo milenário poderá salvar o planeta Terra e acabar com o imperialismo e o capitalismo”.
Enquanto o ministro figurante da Fazenda, Joaquim Levy, debate a “filosofia da morte” em Davos, Dilma marca presença no quinto mundo de Morales, onde a cúpula da Assembleia Plurinacional exibiu em junho do ano passado um novo relógio com os ponteiros girando para a esquerda, em sentido anti-horário, o que implicou a inversão da ordem dos números. Isto para “mudar os polos, de modo que o Sul esteja ao Norte, e o Norte, ao Sul”, como explicou o deputado Marcelo Elío, um dos bolivarianos da turma do presidente.
Morales é aquele que em 2006, como lembrou Ricardo Setti, mandou tropas do Exército ocupar instalações da Petrobras, depois “nacionalizadas” na marra, recebendo em troca afagos de “compreensão” do então presidente Lula, que, lembro eu, posaria com um colar de coca ao lado dele em 2009. O boliviano orgulha-se de ser um incentivador das plantações da matéria-prima de mais da metade da cocaína e do crack consumidos no Brasil, alegando que as folhas servem para produzir chás e remédios tradicionais; mas apenas um terço da coca plantada em seu país atende a essa demanda inofensiva, segundo estimativa das Nações Unidas. O restante abastece o narcotráfico e contribui para corroer a vida de milhões de brasileiros e de suas famílias.
O Brasil é o segundo maior consumidor de cocaína no mundo e, muito provavelmente, o maior consumidor de produtos que têm a cocaína como base, como o crack, segundo o relatório de setembro do ano passado do Departamento de Estado dos Estados Unidos sobre as estratégias internacionais de controle de narcóticos. A principal rota da droga que sai da Bolívia de Morales, da Colômbia e do Peru com destino à Europa, passando pelo oeste da África, é o Brasil.
Em junho de 2012, VEJA teve acesso a relatórios produzidos por uma unidade de inteligência da polícia boliviana que revelavam uma conexão direta entre o homem de confiança de Morales, o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, e um traficante brasileiro que atualmente cumpre pena na penitenciária federal de segurança máxima em Catanduvas, no Paraná. Em janeiro de 2013, uma reportagem do SBT mostrou também como o trânsito e o tráfico são livres em áreas de fronteira dos dois países. Morales está no poder desde 2006. O PT de Dilma, desde 2002.
Mesmo assim, o assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio “Top Top” Garcia, disse nesta quinta-feira que “nós temos também com a Bolívia uma cooperação muito grande na questão da repressão ao narcotráfico”. Pois é. Só se for “na questão” de não reprimi-lo, coisa em que Garcia é veterano. Em março de 2008, o então assessor especial do presidente Lula declarou ao jornal Le Figaro:
“Eu lhes lembro que o Brasil tem uma posição neutra sobre as Farc [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia]: nós não as qualificamos nem de grupo terrorista nem de força beligerante. Acusá-las de terrorismo não serve pra nada quando a gente quer negociar.”
Era verdade, afinal o PT “negociava” com as Farc a conquista do poder na América Latina em assembleias secretas do Foro de São Paulo, como confessaram Hugo Chávez e o então número 2 do grupo narcotraficante, Raúl Reyes – aquele em cujo computador foram encontrado e-mails com menção a Garcia, segundo a revista colombiana Cambio. Em pelo menos duas dessas assembleias, Lula reconheceu o trabalho de seu assessor:
“Em função da existência do Foro de São Paulo, o companheiro Marco Aurélio [Garcia] tem exercido uma função extraordinária nesse trabalho de consolidação daquilo que começamos em 1990″, disse o ex-presidente em 2 de julho de 2005, nos 15 anos do Foro. “Não posso desmerecer o trabalho do companheiro Marco Aurélio Garcia, que hoje está no governo, não está aqui, mas que participou de quase todas as reuniões do Foro de São Paulo”, acrescentou Lula em 2011, na 17ª reunião do Foro. Ambas estão registradas em vídeo.
O programa de índio de Dilma na Bolívia foi apenas mais uma celebração petista do narcotráfico. No relógio dessa gente de quinto mundo, os ponteiros estão sempre girando para a esquerda. Aqui
*Felipe Moura Brasil - Veja Online

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