“Não posso consertar nada, mas tenho obrigação de denunciar tudo. Foi isso que eu sempre tentei fazer. E acho que fiz. Porque estou fora da TV aberta há tantos anos e as pessoas continuam me reconhecendo e, o que é melhor, gostando de mim”
Eis, nas palavras do próprio Chico Anysio, uma síntese exemplar do seu trabalho. Pode soar como a voz de um marciano, hoje, mas é a visão de mundo de um humanista.
E não só aos personagens explicitamente de caráter político, como o magistral Justo Veríssimo, que dizia, na década de 80: “Na Corruptolândia, capital Corruptília, não haverá honestidade, logo não haverá pobre. Porque pobre é que tem a mania de ser honesto. Assim como honesto tem a desgraça de ser pobre.”
Chico nunca fugiu aos temas do seu tempo. Concordando-se ou não com a sua opinião, sempre colocou o dedo na ferida. Discutiu as mais variadas formas de opressão, preconceito e exclusão social, sempre pela ótica do humor.
Falou de religião, fé, misticismo, riu do mundo das celebridades, inclusive da própria Globo, mergulhou no universo do futebol, encarou o racismo, preconceito sexual…
“Chico City” - é o título que mais se aproxima do legado do artista. Mas é preciso dizer que Chico não criou só uma cidade, mas um mundo próprio.
*Mauricio Stycer:
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