quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Governo sabia, antecipadamente, das irregularidades no Panamericano.

Reportagem do Estadão traz mais detalhes sobre a venda do Banco Panamericano à Caixa Econômica Federal em 2010:
O Banco Central (BC) já tinha indícios de irregularidades no Panamericano quando aprovou a venda de parte do banco para   a Caixa Econômica Federal, em julho de 2010. Com a autorização, a Caixa pôde   depositar a segunda e última parcela do pagamento do negócio, no valor de R$   232 milhões, segundo depoimento do vice-presidente de Finanças do banco,   Márcio Percival, à Polícia Federal. O BC diz que a autorização final só foi   dada em novembro daquele ano.
Documentos internos do BC anexados aos   processos que apuram as fraudes de R$ 4,3 bilhões no então banco de Silvio   Santos mostram que os técnicos da instituição começaram a desconfiar do   Panamericano em maio. Em julho, os inspetores investigavam uma diferença de R$   3,9 bilhões na contabilização de carteiras de crédito cedidas para outras   instituições financeiras. Foi justamente nesse tipo de operação que se   concentraram as fraudes que quebraram o banco.
Para aprofundar as investigações, ainda em   julho, o BC enviou pedidos de informações para os nove bancos com os quais o   Panamericano tinha mais operações de venda de carteiras de crédito. O objetivo   era checar os números fornecidos pelo Panamericano. Mesmo assim, no dia 19   daquele mês, o BC aprovou, por ofício, a venda de 49% do capital social do   banco para a Caixa. A publicação no Diário Oficial da União, no entanto, só   veio em novembro.
Seis dias depois, em 26 de julho, a Caixa   depositou o último pagamento pelo negócio, na conta da Silvio Santos   Participações Ltda., no banco Bradesco. A operação, no valor total de R$ 739   milhões, tinha sido fechada em dezembro do ano anterior.
Em depoimento à Polícia Federal, o vice da   Caixa, Márcio Percival, que esteve à frente das negociações pelo banco do   governo, disse que a “segunda parcela foi paga por cheque à Silvio Santos   Participações, após a aprovação da venda pelo Banco Central, em julho de 2010,   por meio de ofício”. Ainda segundo ele, “a aprovação foi publicada no Diário   Oficial só em novembro de 2010″.
Procurada, a Caixa informou que só ”   recebeu a informação da existência de problemas na contabilidade do   Panamericano somente em setembro de 2010″.
Escândalo. Em setembro de 2010, o BC concluiu   as investigações e confirmou que havia um rombo, então estimado em R$ 2,5   bilhões. No início daquele mês, comunicou os problemas a Silvio Santos. O   empresário tomou um empréstimo do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
Em novembro, o escândalo veio a público, quando   o Panamericano destituiu toda a antiga diretoria, substituindo os executivos   por profissionais indicados pela Caixa. Em janeiro, descobriu-se que o rombo   era ainda maior. Feitas todas as contas, chegou-se a R$ 4,3 bilhões.
Comentário
Segundo o depoimento prestado, o Banco Central já via indícios de fraude, mas ainda assim a CEF, também do governo, manteve o negócio. O Banco Panamericano fazia parte do grupo empresarial que incluía o SBT, e durante a campanha presidencial a emissora lançou a história falsa da “bolinha de papel”, depois desmentida pelo JN da Globo, prejudicando assim a candidatura oposta àquela apoiada pelo mesmo governo que viu irregularidades, mas ainda assim pôs a grana no negócio. E antes disso o banco já havia quitado “dívidas de campanha” de Lula, em 2006. São os fatos.

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