Cadê Agnelo Queiroz, a personagem silenciosa do imbróglio? Parece que João Dias o impede de tomar qualquer iniciativa…
Há um personagem importante nessa história toda do Ministério do Esporte e que, até agora, está sumido, de boca calada: Agnelo Queiroz, ex-ministro do Esporte, ex-chefe de Orlando Silva, ex-comunista do Brasil, hoje no petismo. João Dias Ferreira, o PM que acusa Silva, não tem nenhum receio de exibir a sua proximidade, que parece um pouco abalada (mas só um pouco), com o governador. O atual ministro já tentou dividir o peso do PM com Agnelo, mas este preferiu não ceder o ombro.
Reportagem publicada pelo Globo dá conta da importância de João Dias no grupo. Prestem atenção a este trecho:
“A influência do soldado é antiga. Uma das mais eloqüentes demonstrações se deu em agosto. Pouco mais de um ano depois de passar cinco dias preso sob a acusação de desviar R$ 3,2 milhões do programa Segundo Tempo, João Dias emplacou o afilhado Manoel Tavares na BRB Seguros, a corretora do Banco Regional de Brasília, um dos cargos mais cobiçados do governo local. Antes de ir para a seguradora, Tavares passou alguns meses, também por indicação de Dias, como diretor da Companhia de Planejamento do Distrito Federal, outro cargo cobiçado. A perda da indicação não implicou em diminuição de poder. Logo depois da demissão de Tavares, o ex-presidente da Codeplan Miguel Lucena foi escalado para ‘acalmar’ o soldado.”
Sem trocadilho, é o caso de considerar que João Dias Ferreira tem o que se chama “bala na agulha”, certo? Então o cara sai da cadeia e indica um aliado seu para um alto cargo no banco do Distrito Federal? “Isso é coisa de Agnelo! O que Orlando Silva tem com isso?” Bem, as relações entre os dois políticos são evidentes. Não são mais correligionários por meras circunstâncias da política local.
O silêncio de Agnelo, evidentemente, é um tanto espantoso, mas nada surpreendente, dizem pessoas que conhecem a política no Distrito Federal e os métodos por lá influentes. Notem que ele nem veio a público para desmentir, de modo categórico, que o programa Segundo Tempo já servisse como caixa dois do PCdoB quando ele próprio era ministro. Está mudo. Paralisado. A suposição de que não pode se mexer, ou João Dias atira — balas metafóricas — é bastante forte.
Nos bastidores, o comando do PCdoB está furioso com Agnelo. Até o Planalto já quis saber por que ele não diz nada.
*Por Reinaldo Azevedo
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