Pelo menos 600 homens da Força Nacional de Segurança foram convocados para conter a revolta dos trabalhadores da construção da usina hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia.
Cerca de 100 homens já estão nos canteiros da obra, e outros 500 serão levados ao local em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).
O pedido para o envio dos homens da Força Nacional foi feito pelo governador Confúcio Moura (PMDB).Um novo quebra-quebra pela manhã destruiu toda a estrutura de um dos dois canteiros de obra da usina, a maior obra em construção do país, conduzida com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Segundo a Secretaria de Estado da Segurança, Defesa e Cidadania (Sesdec), os trabalhadores já haviam queimado 45 ônibus, 15 carros de passeio, 90 alojamentos e outras 30 instalações do canteiro localizado na margem direita do rio.
Mais de 22 mil operários trabalham na obra, que deve ser entregue em março de 2012 e custará aproximadamente R$ 11 bilhões.
Conforme pedido do governador, o Exército ficará responsável pela segurança dos paióis de explosivos, que existem em grandes quantidades no canteiro de obras. A Marinha fará a vigilância no rio Madeira. Por fim, a Aeronáutica deverá enviar helicópteros para o monitoramento aéreo. Além do canteiro de obras, o distrito de Jacy-Paraná, a vila de Nova Mutum e o presídio federal serão monitorados.
De acordo com o órgão, os 12 mil operários do canteiro deixaram o local e tentam ir a Porto Velho, que fica a 150 km, pois estão sem local para dormir. Além das forças armadas, 160 policiais militares --80 do Comando de Operações Especiais (COE)-- 36 bombeiros e oito policiais civis, além de agentes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal estão nos canteiros da usina.
Os trabalhadores se queixam das condições de trabalho oferecidas na obra e exigem aumento salarial. Acusam ainda o consórcio ESBR (Energia Sustentável do Brasil) --formado pelas empresas Chesf, Eletrosul, Suez e Camargo Corrêa--, responsável pela obra, de não oferecer infraestrutura adequada para tratar um surto de malária que atinge o canteiro de obras.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que acompanha as obras em Jirau, afirma que as empresas construtoras da usina foram denunciadas no relatório de violação dos direitos humanos elaborado pela Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana --órgão subordinado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República-- no final de 2010.
Entre as irregularidades apontadas no relatório, estão as más condições de trabalho a que os operários estariam sendo submetidos nas obras.
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