quarta-feira, 15 de julho de 2009

O tempo é o senhor da razão?

Quando agonizava na Presidência da República e era o principal alvo de críticas de Lula e todo o PT, Collor desfilou com suas famosas camisetas com mensagens, uma das quais tinha estampada a frase: " O tempo é senhor da razão". Evidente que Collor, se sentindo só e sem escape, tentava deixar a idéia de que estava certo, em seus procedimentos à frente da República, e que um dia a razão estaria do seu lado. Lula e Collor foram adversários políticos nas eleições presidenciais de 1989, as primeiras realizadas pelo voto direto após 21 anos de ditadura militar. Collor derrotou Lula no segundo turno, mas sofreu um processo de impeachment em 1992, perdendo os direitos políticos por oito anos. Hoje, em discurso em Alagoas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a "política de compadrio" praticada por governos anteriores ao seu e elogiou o apoio que recebe do ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), que o acompanhava no palanque. Lula, ao discursar na inauguração de uma adutora em Palmeira dos Índios (134 km de Maceió), elogiou Collor e Juscelino Kubitschek ao dizer que não era habitual que presidentes percorressem o país para "sentir o drama do povo". E Lula disse mais:"Eu quero fazer justiça ao comportamento do senador Collor e do senador Renan [Calheiros, que não estava presente ao evento], que têm dado uma sustentação muito grande aos trabalhos do governo no Senado".
Lula criticou a "política do compadrio" praticada, segundo ele, por presidentes que o antecederam e disse que seu governo não distingue partidos políticos ao realizar investimentos.
"Até outro dia, um presidente da República que pertencesse a um partido político não visitaria um governador que pertencesse a outro partido político", disse. Ainda segundo ele, "ao invés de se governar, fazia-se a política do compadrio, a política dos amigos".
O presidente disse também que vai ajudar a eleger sua sucessora à Presidência da República nas eleições do ano que vem. Dilma foi escolhida por Lula como pré-candidata do PT nas eleições de 2010. "Está chegando o ano eleitoral e eu não posso falar de eleição. Mas eu só vou dizer uma coisa para vocês. Podem escrever. Eu vou fazer, eu vou ajudar a eleger a minha sucessora neste país", disse Lula, acompanhado de Dilma no palanque. Atento à legislação eleitoral, que proíbe campanha antecipada, Lula completou a frase: "Ou sucessor". No início do mês, o PSDB entrou com duas representações no Tribunal Superior Eleitoral contra o PT, Lula e Dilma por suposta prática de campanha eleitoral antecipada. Em Palmeira dos Índios, o presidente estava acompanhado também dos ministros Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) e Luiz Barretto (Turismo), do governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB), e do senador Fernando Collor (PTB-AL). Em seu discurso, Lula rebateu mais uma vez críticas feitas ao Bolsa Família, programa de transferência de renda do governo federal. "Certamente, para alguém que pode tomar uísque, champanhe e dar de gorjeta R$ 100, o Bolsa Família é muito baixo." Lula inaugurou um sistema de abastecimento de água, obra do PAC, que custou R$ 67 milhões e vai beneficiar 120 mil pessoas em quatro municípios. A adutora recebeu o nome do deputado Helenildo Ribeiro (morto em 2006), um dos 90 congressistas inicialmente acusados de integrar a chamada máfia dos sanguessugas.
Seria, realmente, o tempo senhor da razão?

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