
Na Têmis, que investigou suposta venda de decisão judicial em favor de donos de bingos, entrega do "travesseiro" seria repasse de dinheiro. No caso da Operação Castelo de Areia, a polícia interceptou uma conversa no dia 25 de julho de 2008 em que o suíço naturalizado brasileiro Kurt Paul Pickel --apontado pela PF como doleiro e principal articulador do suposto esquema de evasão de divisas e lavagem de dinheiro-- pergunta ao diretor da Camargo Corrêa Fernando Dias Gomes se ele recebeu a "correspondência pelo hipopótamo, abelha". O analista da PF que transcreveu a conversa diz apenas que eles estão se referindo a pessoas. Em alguns momentos, os policiais tentam "decifrar" os códigos. Em outra conversa com Pickel,Fernando Dias Gomes diz que "o leão já comeu" e "o cachorro já latiu", o que, segundo a PF, significa que os negócios foram fechados. Em 9 dezembro de 2008, os dois combinam um encontro no jardim zoológico. No dia seguinte, os policiais escreveram que foram realizadas diligências, mas "não logramos êxito em descobrir o local". A partir das interceptações telefônicas, o relatório diz que "a ligação poderia estar denotando a entrega ou retirada de dinheiro". Em alguns momentos, os próprios interlocutores confundem os animais. A secretária Marisa Iaquino, que trabalha com Fernando Dias Gomes e também foi investigada, pergunta a Pickel se está confirmado o encontro com o "carneiro" no "jardim zoológico". Ele responde que é com o "camelo". Segundo o relatório, nesse caso, o zoológico seria a própria Camargo Corrêa. Em outra conversa, de janeiro de 2009, entre Pickel e Dias Gomes, o suposto doleiro diz que a "girafa" não queria comer. O diretor da empreiteira responde que vai falar com o "domador". O analista das escutas apenas escreve que o domador seria "pessoa hierarquicamente superior à girafa". Ao analisar as interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, os policiais viram indícios de que os alvos da operação queriam ocultar crimes.
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