Foto: Gabriela Bilo/Estadão
Fernando Moura no dia de sua prisão.
Treze advogados que formavam a defesa do empresário
Fernando Moura, ligado ao PT e delator da Operação Lava Jato, deixaram o caso
nesta quinta-feira, 28. Em dois documentos anexados aos autos, os criminalistas
não explicaram o motivo da saída.
Fernando Moura
foi preso em 3 de agosto, na deflagração da Operação Pixuleco, 17ª fase da Lava
Jato. O empresário firmou acordo de delação premiada e foi solto.
“Vimos, por
meio desta, notificar Vossa Senhoria da renúncia ao ‘mandato-que nos foi
outorgado por procuração “ad judicia”, para o fim de representá-lo na Ação
Penal n.º 5045241-84.2015.4.04.7000, bem como no Termo de Acordo de Colaboração
Premiada, ambos em trâmite perante a 13ª Vara Federal da Subsecção Judiciária
de Curitiba, Estado do Paraná”, diz o documento.
Na sexta-feira, 22, Fernando Moura prestou depoimento ao
juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato na primeira
instância. Durante a audiência, o empresário pôs em dúvida trecho de suas
próprias afirmações que constavam de sua delação premiada assinada em meados de
2015. Fernando Moura corre o risco de perder seu acordo de colaboração.
Durante o
interrogatório, o empresário foi confrontado pelo juiz Sérgio Moro com o que
havia dito em sua delação premiada, em agosto. Em determinado momento, o
magistrado citou trecho de declaração de Fernando Moura no acordo de
colaboração. “O declarante tem conhecimento que esse arranjo entre Etesco e
Renato Duque permitiu que a Etesco fechasse diversos contratos milionários com
a Petrobrás; que a Etesco, que era uma empresa de pequeno e médio porte passou
repentinamente a ficar como um player entre as gigantes da construção.”
“Falei isso?”,
questionou Fernando Moura.
“Falou”,
respondeu Moro.
“Assinei
isso?”, perguntou o empresário, rindo. “Devem ter preenchido um pouquinho mais
do que eu tinha falado. Mas se eu falei, eu concordo.”
“Não, não é
assim que a coisa funciona”, repreendeu Moro.
“Se eu falo e
depois é colocado no papel, eu nem leio. Eu até pergunto para o advogado, ‘é
isso aqui?’. Falou: ‘é'”, afirmou.
Assinaram a
renúncia os advogado Pedro Ivo Gricoli Iokoi, Adriano Scalzaretto, Bruno
Magosso de Paiva, Bruno Lambert Mendes de Almeida, Caio Nogueira Domingues da
Fonseca, Ana Carolina Pastore Rodrigues, Marcella Kuchkarian Markossian, Felipe
Ferreira de Camargo, Mariana Badaró Gonçalles, Giovanna Zanata Barbosa, Anna
Cristina Guimarães Souza, Raul Abramo Ariano e Ligia Lazzarini Monaco.
Segundo o
documento anexado aos autos, o empresário tem 10 dias para constituir novo
advogado. A reportagem fez contato com o criminalista Pedro Ivo Iokoi. O
advogado afirmou que não vai comentar a renúncia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário