sábado, 30 de janeiro de 2016

Procurador diz que todos os apartamentos da OAS no Guarujá podem ter sido usados para lavar dinheiro desviado da Petrobras.

Vista do prédio onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva adquiriu cobertura triplex no Guarujá 
Michel Filho / Agência O Globo
CURITIBA e SÃO PAULO — O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou que a Lava-Jato está investigando o triplex da construtora OAS que estaria reservado à família do ex-presidente Lula em prédio no Guarujá, litoral de São Paulo. Os investigadores suspeitam que os imóveis do condomínio Solaris foram usados para lavar dinheiro desviado de contratos da Petrobras de pessoas ligadas ao PT, entre elas familiares do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. 

— Nós investigamos fatos. Se houver um apartamento lá que esteja em seu nome (do ex-presidente Lula) ou que ele tenha negociado, vai ser investigado como todos os outros — afirmou Lima. 

O imóvel é alvo de outra investigação no Ministério Público Estadual de São Paulo que apura a legalidade da transferência de empreendimentos da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop) à OAS. A Lava-Jato suspeita que a construtora usou apartamentos do prédio, localizado na praia de Astúrias para lavar dinheiro. A força tarefa fez buscas e apreensões na sede da OAS e da Bancoop atrás de documentos relativos ao prédio. 

— Houve interesse especial para concluir estes apartamentos — afirmou Lima. 

PRÉDIO EM ÁREA NOBRE DO LITORAL PAULISTA

O GLOBO mostrou que o ex-presidente Lula adquiriu em 2005 com sua mulher, Marisa Letícia, uma cota de participação da Bancoop. O Solaris é um conjunto de 122 apartamentos, os menores com 82,5 metros quadrados e os maiores são as coberturas triplex com 216 metros quadrados. 

Todos foram comercializados entre 2006 e 2010 e a média de preço das unidades era de R$750 mil, mas as coberturas valem pelo menos o dobro disso. O prédio de acabamento simples, com fachada em azulejos quadrados em branco e marrom fica na rua à beira mar da praia de Astúrias, no Guarujá 

A OAS foi contratada em 2010 para terminar as obras do prédio iniciadas anos antes pela Bancoop, que a aquela altura já havia deixado de entregar cerca de 3100 apartamentos. 

Na manhã desta quarta-feira, a Polícia Federal deflagrou a 22ª etapa da Operação Lava-Jato, chamada de Triplo X. Estão sendo cumpridos 23 mandados judiciais: seis de prisão temporária (com cinco dias de validade), 15 de busca e apreensão e dois de condução coercitiva. Até o momento, três pessoas foram presas e duas prestam depoimento na PF de Sâo Paul. Os mandados aconteceram na manhã desta quarta-feira nas cidades de São Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo e em Joaçaba (Santa Catarina).
                    *Por Cleide Carvalho / Renato Onofre / Mariana Sanches , em O Globo 

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