domingo, 27 de setembro de 2015

Janot endossa pedido para PF ouvir Lula na Lava Jato.

A decisão sobre o depoimento do ex-presidente à Polícia Federal agora cabe ao ministro Teori Zavascki, relator do petrolão no Supremo Tribunal Federal.


Pixuleco, boneco inflável do ex-presidente Lula
(Ueslei Marcelino/Reuters)
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou nesta sexta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) parecer no qual recomenda que o Supremo Tribunal Federal (STF) autorize a Polícia Federal a tomar depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato. A decisão agora cabe ao ministro Teori Zavascki, relator do caso na corte. 

O pedido havia sido feito pelo delegado Josélio Souza, segundo quem o ex-presidente pode ter sido "beneficiado pelo esquema em curso na Petrobras, obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo". 

Parte do pedido da Polícia Federal é amparado nos depoimentos do doleiro Alberto Youssef, do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do ex-gerente de Engenharia da estatal Pedro Barusco. No documento em que a PF defende a necessidade de o petista ser ouvido, o delegado informa que "atenta ao aspecto político dos acontecimentos, a presente investigação não pode se furtar de trazer à luz da apuração dos fatos a pessoa do então presidente da Republica Luiz Inácio Lula da Silva, que, na condição de mandatário máximo do país, pode ter sido beneficiado pelo esquema em curso na Petrobras, obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo, com a manutenção de uma base de apoio partidário sustentada à custa de negócios ilícitos na referida estatal". 

'Eles sabiam' - Para embasar o pedido, o delegado cita a delação premiada em que o doleiro Alberto Youssef confirma que Lula e integrantes do Palácio do Planalto tinham conhecimento do esquema criminoso do petrolão. O teor desta delação foi revelado por VEJA. "A presente investigação não pode estar dissociada da realidade fática que ela busca elucidar e, no presente caso, os fatos evidenciam que o esquema que por ora se apura é, antes de tudo, um esquema de poder político alimentado com vultosos recursos da maior empresa do Brasil", completa a polícia. 

Segundo os investigadores, os depoimentos poderiam esclarecer por que nove ministros e ex-ministros de Estado são citados ou investigados como beneficiários diretos do esquema de corrupção e como o governo federal nomeou diretores para a estatal do petróleo "em troca de apoio político". "Neste cenário fático, faz-se necessário trazer aos autos as declarações do então mandatário maior da nação, Luiz Inácio Lula da Silva, a fim de que apresente a sua versão para os fatos investigados, que atingem o núcleo político-partidário de seu governo", diz a PF. 

No inquérito, o delegado não cita uma linha específica para o depoimento de Lula. Paralelamente, o ex-presidente é alvo de investigação do Ministério Público para apurar a relação dele com a construtora Odebrecht e a possível prática de tráfico de influência em favor da empresa, entre 2011 e 2014. Para o MP, é preciso apurar a atuação de Lula na concessão de empréstimos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o contexto em que o petista viajou, às custas de empresas, para negociar contratos no exterior. 

O nome do ex-presidente também foi relacionado ao petrolão pelo fato de duas empresas ligadas a ele terem recebido, entre 2011 e 2013, 4,53 milhões de reais da empreiteira Camargo Corrêa, gigante da construção e um dos alvos da Operação Lava Jato. Laudo da Polícia Federal registra que a empreiteira pagou três parcelas de 1 milhão de reais cada ao Instituto Lula entre dezembro de 2011 e dezembro de 2013 e mais 1,527 milhão de reais para a LILS Palestras Eventos e Publicidade, também do petista, entre setembro de 2011 e julho de 2013. Conforme levantamento feito pela Polícia Federal na contabilidade da Camargo Corrêa, os investigadores que atuam na Lava Jato conseguiram mapear impressionantes 183,79 milhões de reais em doações "de cunho político", entre 2008 e 2013, e repasses a partidos políticos e candidatos das mais diversas legendas.
                    *Por Laryssa Borges, de Brasília - Veja.com

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