O linguajar, usado nos meios mafiosos, costuma-se chamar o chefe do bando
criminoso de “Capo”. A esse senhor, era devotada a mais absoluta, irrestrita e
rastejante subalternidade nos afazeres delinquentes dessa corporação, sempre
disposta a praticar seus delitos. Fato curioso, inédito era quando determinados
“Capos” eram alcançados pelos curtos braços da justiça burguesa e eram lançados
na prisão.
A literatura sobre esse assunto é farta no sentido de colocar os “Capos” como
continuadores do comando criminoso, mesmo estando nas barras das penitenciárias,
presos, continuavam no exercício pleno do crime. Sobre esse assunto, tornou-se
célebre o best seller “O Poderoso Chefão”, provável leitura de cabeceira do sr.
Dirceu e seus asseclas.
Noticiou a imprensa, com o devido destaque, que José Dirceu, chefe de
proeminência no esquema criminoso denominado mensalão, afirmou em uma de suas
peculiares bravatas: como preso, haverei de continuar exercendo minha parcela de
comando junto ao Partido dos Trabalhadores, coisa que nunca deixei de fazê-lo.
Assim como no PCC, Comando Vermelho, os Amigos dos Amigos ( ADAS) e outras
facções criminosas. José Dirceu, porém, volta seus olhos para uma instância
criminosa mais sofisticada, cujas matrizes estão na velha Itália siciliana,
cheia de “glórias” no quesito crime organizado.
Pelo andar da carruagem não podemos deixar de acreditar que a ameaça de
Dirceu em comandar o velho Partido dos Trabalhadores, a partir das celas do
presídio, não poderá deixar de ser um triste fato, uma verdadeira zombaria, bem
ao gosto do Delúbio Soares, quando afirmou: “tudo isso, num futuro próximo, não
deixará de passar de uma piada de salão.”
Trata-se de um certo dissabor, mas a grande verdade é que esse e tantos
outros pilantras, encontraram no crime um testemunho de que essa prática convém
e é pródigas em lhes compensar com fartas riquezas, indiscutíveis
prestígios.
Veja-se o exemplo do sr. Renan Calheiros, veja-se também os exemplos dos
senhores Jader Barbalho, Romero Jucá, Michel Temer, o próprio José Sarney, o
silencioso Antonio Palocci que fizeram fortuna às sombras do governo. Por fim,
não podemos deixar de falar no mais emblemático de todos, Paulo Maluf, hoje
íntimo aliado do sr Lula da Silva.
O sr José Dirceu não deixará de ser um famoso “Capo”, mas é preciso lembrar
que existe o “Capo de todos os Capos”, o chefe dos chefes, ou seja, existe o
poderoso chefão e, raramente, as mãos da justiça chegarão até ele, pois o crime
organizado trata de protegê-lo, a todo custo. E no nosso caso, cabe uma
pergunta: quem será o “Capo do Capo”? Essa pergunta talvez não seja tão difícil
respondê-la, uma vez que foi público o seu empenho em desconstruir uma acusação
tão sólida quanto essa, feita em torno da quadrilha dos mensaleiros.
*Gilvan Rocha, na tribunadaimprensa
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