sábado, 30 de janeiro de 2010

Mantega ameniza uma mentira histórica

Celso Amorim, o Megalonanico, leu em lugar de Lula o discurso que o presidente faria em Davos, no Fórum Econômico Mundial, na solenidade premiação do Estadista Global. Vale dizer: Lula foi laureado por ter sido considerado um destaque no mundo que ele tentou evitar. Tivesse o PT vencido as eleições em 1989, 1994 ou 1998, seríamos, possivelmente, a mais ocidental das nações africanas. Em 89, Lula prometia implantar o socialismo; em 94, prometia acabar com o Real; em 1998, ele já não sabia mais o que prometer. Em 2002, ao assinar a Carta ao Povo Brasileiro, prometeu que seguiria o figurino deixado por FHC. E aí se faça justiça: ele cumpriu a palavra.
Guido Mantega, ministro da Fazenda, e Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, estavam por lá. Depois da premiação, houve um almoço-seminário para debater as perspectivas do Brasil. E Ricardo Hausmann, professor de Harvard, fez Mantega admitir que Lula teve um bom antecessor.
Nem tudo saiu barato: pressionado por uma pergunta de Hausmann, o ministro da Fazenda elogiou o trabalho do governo anterior no controle da inflação e na elaboração da Lei de Responsabilidade Fiscal.“O Brasil”, disse Mantega, “teve um bom presidente antes de Lula.” Mas acrescentou, como era previsível, uma lista de realizações a partir de 2003, como a elevação do superávit primário, a expansão econômica mais veloz e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Não faltou o confronto: a economia cresceu em média 2,5% no período de Fernando Henrique Cardoso e 4,2% na era Lula. A fala de Mantega, como se vê, é a admissão tácita, escancarada, inequívoca , daquilo que todos nós sabíamos: o discurso da “herança maldita” é pura balela, uma mistificação grosseira. Mas que ainda esteve presente em Davos. No discurso lido por Amorim, sustenta-se que os antecessores de Lula governaram para apenas um terço da população. Hausmann não caiu no truque. E os demais presentes idem. Não se mente lá fora com a mesma sem-cerimônia com que se mente aqui, embora Mantega, como se verá, não tenha resistido a falsear um tantinho a realidade.
*Li no blog do Reinaldo Azevedo

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