sábado, 9 de janeiro de 2010

A imprensa em direção ao abismo

Entre os grandes veículos, só O Globo e os principais jornais da TV Globo deram o devido destaque à ameaça de censura à imprensa contida no tal “decreto dos direitos humanos”, aquela peça notavelmente autoritária que vale por uma espécie de miniconstituinte. O texto resolveu cuidar de tudo: além da revanche contra os militares, da extinção da propriedade privada e do cerceamento à imprensa, trata do casamento gay, da descriminação do aborto, de quilombolas, pescadores, hortas, viveiros, pomares… Em suma, meus caros leitores, pensem aí numa palavra qualquer e acionem a tecla “localizar”. Se a procura der negativa, é só questão de achar o sinônimo.
Trata-se de uma absoluta novidade jurídica - e, como diz certo clichê, se é coisa que só dá no Brasil, não sendo jabuticaba, então é besteira. O decreto, como demonstrei aqui, é uma peça notável de proselitismo político, pautado pela extrema esquerda do PT. Os dois setores mais visados por sugestões de caráter claramente punitivo são a agroindústria E A “MÍDIA”.
Imaginem tudo acontecendo conforme querem Dilma Rousseff, Franklin Martins, Paulo Vannuchi, Tarso Genro e… LULA - AQUELE QUE SEMPRE SABE DE TUDO. A imprensa será controlada por um “tribunal de ética” (num artigo, José Dirceu perdeu o pudor de vez e chamou de “tribunal”) formado pelo PT, conforme proposta aprovada na Confecom, e por um tribunal dos direitos humanos, também controlado pelo partido. Eles definirão o que pode e o que não pode ser escrito. Tudo depende do Congresso, conforme deixei claro no primeiro artigo que escrevi sobre o decreto. Mas isso é só um perigo adicional.
A despeito dos fatos, esses setores da imprensa preferem fazer de conta que o decreto atinge os interesses de “ruralistas, católicos e militares reacionários”. Não são dignos da liberdade de que desfrutam — liberdade conquistada pela resistência democrática e que nada deve, nem uma miserável vírgula, aos terroristas que tentaram implementar uma ditadura comunista no país. Se não dispunham dos meios adequados e/ou suficientes para lograr seus objetivos, isso só revela a sua estupidez adicional, sem jamais enobrecer os seus propósitos.
Porque os idiotas não estão à altura dessa liberdade, há quem se ofereça para dispor dela, solapando-a. Candidatam-se a áulicos do rei, a serviçais do regime, a escribas do poder. Bem, se assim acontecer, o vício já então adquirido certamente não lhes há de provocar qualquer estranhamento. Acostumados a servir por vontade, nem irão perceber que terão passado a servir por obrigação.
Boa parte da imprensa caminha feliz para o abismo, como aquela imagem na carta de Tarô. E prefere acusar o “exagero” e a “paranóia” de quem lhes causa o incômodo de chamar a coisa pelo nome que a coisa tem. Não entendo rigorosamente nada de adivinhações. Católicos são aborrecidamente racionais para se dedicar a essas coisas. Não tenho a menor noção se, embora aparentemente negativa, a carta traz um bom auspício. Uma coisa eu sei sem adivinhação nenhuma: a liberdade de imprensa é o próximo alvo dos petistas. E a dita grande imprensa está tomada de jornalistas que, na prática, indagam: “Liberdade pra quê?”
Extraído do texto de Reinaldo Azevedo – Texto original aqui

Nenhum comentário: