segunda-feira, 2 de março de 2009

Diretor-geral do Senado ‘esconde’ casa de R$ 5 mihões.

No Brasil, a pessoa que chega à vida madura com dinheiro para encher a geladeira é uma vitoriosa.

Se a geladeira recheada está assentada sob teto próprio, aí o caso já não será apenas de simples vitória, mas de êxito retumbante.
Agaciel Maia, o diretor-geral do Senado, é um desses brasileiros cujo sucesso retumba. Não mora numa casa qualquer. Não, não. Absolutamente.
Agaciel se recolhe numa residência às margens do Paranoá, em Brasília. Coisa de R$ 5 milhões. Mede 960 metros quadrados. Tem três andares, cinco suítes, salão de jogos...
...A piscina tem os contornos de uma taça. Há campo de futebol e píer para barcos e lanchas. Uma beleza.
Deve-se aos repórteres Leonardo Souza e Adriano Ceolin uma descoberta incômoda. A casa de Agaciel não está no nome de Agaciel.
No papel, pertence ao deputado João Maia (PR-RN). O diabo é que o parlamentar não incluiu o imóvel na declaração de bens que enviou à Justiça Eleitoral e ao fisco.
Confrontados com o mistério, os repórteres foram ao diretor-geral do Senado. E Agaciel:
"Eu comprei, mas não podia pôr no meu nome porque eu estava com os bens indisponíveis...”
“...Então, na época, em vez de comprar no meu nome, eu comprei no nome do João".
A época a que se refere Agaciel é o ano de 1996. A transação imobiliária foi sacramentada por meio de um contrato particular de compra e venda.
Foi a maneira que Agaciel encontrou para esconder do Judiciário a posse do imóvel. Tinha contra si uma sentença de indisponibilidade dos bens.
Por quê? Numa época em que dirigia a gráfica do Senado, Agaciel permitira que quatro políticos imprimissem material de campanha às expensas da Viúva.
Sob Agaciel, as prensas do Senado rodaram peças de propaganda de Humberto Lucena e de três políticos do grupo de José Sarney: Roseana Sarney, Edison Lobão e Alexandre Costa.
Entre 1999 e 2000, Agaciel logrou derrubar na Justiça a indisponibilidade de seus bens.
Só dois anos depois, em 2002, a compra da casa de R$ 5 milhões foi aos livros do cartório de imóveis da Capital. Ainda em nome de João Maia, contudo.
Se já não havia o óbice jurídico, por que diabos Agaciel não empurrou o imóvel para dentro de seu patrimônio formal? Mistério.
O servidor do Senado alega que, a despeito da intermediação do irmão, sempre manteve a Receita a par da existência da casa.
Porém, Agaciel só exibiu aos repórteres a declaração de bens de 2001, primeiro ano depois da suspensão da indisponibilidade judicial.
Agaciel tornou-se funcionário do Senado no final da década de 70. Foi à folha de pagamento como datilógrafo. Já lá se vão quase quatro décadas.
Em 1995, sob a primeira presidência de José Sarney, Agaciel foi promovido de diretor da gráfica a diretor-geral. Ocupa o cargo, no pico da hierarquia, há 14 anos.
Agaciel suou frio no mês passado. Um dos compromissos de campanha de Tião Viana (PT-AC) era o de levar a cabeça do diretor-geral à bandeja.
Mas Sarney prevaleceu sobre Tião na disputa. E a cabeça de Agaciel, ainda sobre o pescoço, paira sobre um orçamento de R$ 2,7 bilhões.
Pela mesa de Agaciel passam todas as despesas do Senado. Tomado pela destreza com que gere o próprio patrimônio, o diretor-geral há de administrar as verbas da Viúva com rara competência.

Um comentário:

Nah disse...

PÔ! Mais um ?! Aí está nosso dinheiro pra Educação! que beleza!