sábado, 17 de outubro de 2015

Lava Jato: delatores afirmam que pecuarista amigo do alarife Lula acertava propina na Petrobras.

Dois acordos de delação premiada fechados com a força-tarefa da Operação Lava-Jato e documentos entregues aos investigadores deixam claro que o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidenteLuiz Inácio da Silva, e Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, operador do PMDB, acertaram o pagamento de US$ 5 milhões em propina para o ex-diretor de Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, e outros dois ex-gerentes da estatal, pagos pelo Grupo Schahin, pelo contrato de operação do navio-sonda Vitória 10.000.
De acordo com as investigações, o encontro teria ocorrido no escritório de Fernando Baiano, no Rio de Janeiro. Participaram da reunião o pecuarista Bumlai, Fernando Baiano, Cerveró, o ex-gerente-geral da Diretoria de Internacional, Eduardo Musa, e o ex-gerente executivo da área, Luis Carlos Moreira.
O operador de propinas do PMDB está preso desde dezembro de 2014, em Curitiba, e sua delação do foi chancelada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas permanece em sigilo. Musa, por sua vez, fechou delação com o juiz federal Sérgio Fernando Moro, em Curitiba.
O pagamento dos US$ 5 milhões teria sido tratado diretamente por Fernando Schahin, filho de um dos fundadores do grupo, e dividido entre os três ex-executivos da Petrobras da Diretoria Internacional – cota do PMDB no esquema de corrupção na estatal. Dois deles indicaram contas no Uruguai para receber seus quinhões e um, na Suíça.
Bumlai era citado como “o pecuarista” nas conversas entre executivos investigados em Curitiba. A polícia Federal suspeita que ele seria uma espécie de avalista dos negócios com a Schahin. Seu nome ainda não havia sido citado diretamente nos negócios de propina alvos da Lava-Jato.
O contrato envolvendo o navio-sonda Vitória 10.000 fez parte de um pacote de construção de dois equipamentos do tipo, usados para exploração de petróleo em águas profundas. Contratados pela Diretoria de Internacional da estatal, com negociações iniciadas em 2005, por Cerveró, o pacote incluía os termos de construção e, na sequência, de operação. De acordo com a Lava-Jato, todos envolviam propina.
Em parceria com o Grupo Mitsui, a Samsung Heavey Industries foi a responsável pela construção dos dois navios-sonda (Vitória 10.000 e Petrobrás 10.000). Processo já julgado procedente pelo juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro, concluiu que a empresa pagou, nessa primeira etapa, pelo menos US$ 30 milhões de propina, através do lobista Julio Gerin Camargo e do operador Fernando Baiano. Um dos beneficiados foi o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que recebeu ao menos US$ 5 milhões.
As novas revelações de Fernando Baiano e do ex-gerente Eduardo Musa confirmam que a segunda fase de contrato do Vitoria 10.000, para operação do equipamento, envolveu propina e a interferência direta do amigo de Lula.
Apurações internas da Petrobras anexadas aos autos da Lava-Jato indicaram problemas no contrato com a Schahin. “A demora em concretizar negociação com a Schahin para a vinda do Vitoria 10000 para o Brasil implicou em custo de aproximadamente US$ 126 milhões”, informa documento da estatal. “A escolha da Schahin como parceira foi discricionária”.
O contrato foi rescindido pela Petrobras em maio, após o nome da empresa ser elencado entre uma das participantes do cartel alvo da Lava-Jato. Recentemente, o grupo entrou concordata.
Por outro lado, o pecuarista José Carlos Bumlai, por meio de sua assessoria de imprensa, infirmou que “não participou de reunião alguma com essas pessoas” e que não tratou de contratos da Petrobras.
“Todas as informações ultimamente veiculadas na imprensa ligando o nome do empresário José Carlos Bumlai a escândalos relacionados à operação Lava Jato são ilações inverídicas baseadas exclusivamente em depoimentos prestados por delatores. Até o momento, não temos conhecimento de qualquer prova ou acusação formal contra o Sr. Bumlai e muito nos espanta a divulgação dessas notícias nos jornais e revistas, especialmente porque tais depoimentos, segundo informações dos advogados, estão sob segredo de justiça, o que torna as notícias ainda mais especulativas. Bumlai nega que tenha qualquer relação com as mentiras já publicadas, e repudia as novas infâmias que estão sendo agora assacadas contra sua pessoa”, finaliza a nota.
*http://ucho.info/

Nenhum comentário: