BRASÍLIA - Adolescente e trotskista, um dia já enxerguei beleza na Declaração Universal dos Direitos Humanos, um dos pilares da ONU. Foi quando um amigo mais velho do partidão, cheio de sarcasmo, disse: "Não seja ingênuo. A ONU é uma ficção. Não serve para nada. Quem manda lá são os EUA e seus satélites".
Na ONU, Dilma demonstra que não faz o trabalho de casa optando por holofotes e factóides
Anos depois, já como correspondente da Folha em Nova York , em 1988, trabalhei em uma pequena sala que servia de escritório para o jornal dentro do prédio principal da ONU. Convivi com diplomatas e funcionários públicos mundiais por algum tempo. Ineficiência e inutilidade são as duas palavras que me ocorrem para definir o que presenciei de perto.
Paulo Francis, meu chefe à época em Nova York , desdenhava a ONU de maneira ferina. "É um cabide de empregos para vagabundos desfilarem de sarongue para cima e para baixo", dizia ele. Descontado o preconceito, Francis tinha uma certa razão.
Lembrei-me disso ontem ao assistir ao discurso da presidente Dilma Rousseff na ONU. Ela falou contra a espionagem dos EUA no Brasil. Anunciou "propostas para o estabelecimento de um marco civil multilateral para a governança e uso da internet" em nível mundial visando a "uma efetiva proteção dos dados".
Quase tive um ataque de narcolepsia só de pensar em como tramitaria tal ideia dentro da ONU. A chance de algo efetivo prosperar ali dentro é menor do que zero.
Dilma faria melhor se buscasse equipar o Brasil contra ataques cibernéticos. A presidente faz o oposto. Engavetou um projeto de Política Nacional de Inteligência, que cria diretrizes para o Estado brasileiro se prevenir contra ações de espionagem. O texto está pronto e parado, no Planalto, desde novembro de 2010.
É mais fácil ler um discurso feito pelo marqueteiro no teleprompter na ONU do que trabalhar duro em casa. Para azar de Dilma, é possível perceber a distância entre o que ela fala e o que, de fato, faz.
*Texto do artigo A baboseira na ONU de FERNANDO RODRIGUES na FOLHA DE SP
Um comentário:
Essa senhora dispensa comentários, "papagaia" de pirata.
Artigo do Fernando Rodigues bate com o que penso.
Nesse episódio , a Dilma se portou exatamente como aquele deputado ou senador que não abre a boca para contestar nada, nem pra puxa saco presta, quando o plenário esta vazio, ele pede a palavra para as paredes e faz um discurso inflamado para colocar no horário político.
Assim se comportou a Dilma, a única coisa boa, é que a exemplo do que aconteceu em 64, ela mexeu no ninho da águia e nem se deu conta do perigo.
Qualquer reação para derrubada desse regime meia sola que aí está, a águia poderá dar uma mãozinha como quem não quer nada. Ela está valorizando essa espionagem de forma demagógica, politiqueira também para mostrar em seu horário político
É uma piada 'essa senhora'(?) falar em soberania (casos Petrobras, Bolívia,Paraguai), invasão de privacidade ( conta do caseiro do palocci), macro economia, crescimento (da inflação, da miséria?).Conversa mole pra boi dormir.
Postar um comentário