Falar mal da capital da República é fácil. Mas é também necessário. A cidade completou 52 anos. Tempo suficiente para qualquer projeto dessa magnitude dar certo. E Brasília fracassou por completo quando se levam em conta as três razões principais que sustentaram a sua criação.
A capital mudou do Rio para o meio do nada aqui no Centro-Oeste (nem índios viviam na região) porque se considerava necessário isolar os congressistas da suposta má influência dos assuntos paroquiais do antigo balneário. No interior de Goiás, isolados, deputados e senadores teriam mais condições de pensar e refletir sobre o futuro do Brasil. O resultado é tão patético que não merece comentários.
A segunda razão foi a paranoia sobre segurança. A capital no litoral fluminense consistiria em grave vulnerabilidade se o Brasil viesse a ser atacado. Tal bobagem poderia ter sido demolida lá atrás, pois ataques aéreos e ogivas nucleares em foguetes teleguiados não eram algo do outro mundo na década de 50.
Por fim, a mais nobre missão de Brasília no meio do cerrado seria trazer o desenvolvimento para o interior do país. Passaram-se 52 anos e a capital da República não produz nem pregos. OK, estou exagerando, mas é quase isso. O PIB local é 93% de serviços. O governo federal tem de dar R$ 10 bilhões por ano para a cidade não entrar em colapso. A "estado-dependência" é total.
Se metade do dinheiro gasto para construir Brasília -não existe uma cifra oficial - tivesse sido jogada de helicóptero sobre os povoados que existiam por aqui em 1960, o resultado teria sido mais positivo. Com a vantagem de o Rio e adjacências não terem entrado em um período de deterioração sem fim.
Brasília é um erro histórico irreparável. Será viável talvez em 150 anos. É uma festa para os ricos. Mas a um custo enorme para o país, que nada lucra com esse delírio de JK.
*Por e-mail, via Resistência Democrãtica
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