quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Pesquisas, números...

No blog do Reinaldo Azevedo:
Fui atropelado pela agenda e acabei falando muito pouco, quase nada, da pesquisa CNT-Sensus… Segundo os petralhas, é porque ela não seria boa para José Serra. Ai, que preguiça me dá essa gente! Vamos ver. Começo pelos desdobramentos: Serra, com efeito, não tem razão para gostar dos números — mas só a depender do ângulo pelo qual se olhe a coisa. Já chego lá. Ciro Gomes (PSB-SP) — sim, ele virou paulista! — desqualificou os números em seu Twitter. Não são “de confiança”, disse. Gostaram dos números o PT e o governador Aécio Neves (PSB-MG), este mais pelo que Serra teria perdido do que por ter ganhado alguma coisa. Hoje, José Dirceu diz que Ciro perdeu o seu principal trunfo para se apresentar como candidato. Mas será mesmo assim? Vamos ver. No cenário considerado principal — MAS, ATENÇÃO!, IMPROVÁVEL —, Serra aparece na frente de Dilma no primeiro turno, com 31,8% de intenções de voto, seguido pela ministra, que teria 21,7%. Ciro vem em seguida, com 17,5%. A senadora Marina Silva (PV-AC) ficaria com 5,9%. Muito bem. Mas Ciro será candidato? Só será se Lula quiser. E, nesse caso, tem de ver com quem se lançaria em tal aventura. O PSB, sozinho, teria um tempo de tal sorte ridículo na TV, que ele tenderia a naufragar depressa. ATENÇÃO! DUVIDO QUE EDUARDO CAMPOS, chefe inconteste do PSB, vá colocar o partido para disputar votos com Dilma. Assim, minha aposta é que Ciro fica mesmo em São Paulo aborrecendo seu inimigo de estimação. E, sem Ciro na disputa, o cenário muda bastante segundo a pesquisa CNT-Sensus: Serra ficaria com 40,1%, e Dilma, com 23,5%; Marina, com 8,1%. Uma intersecção, nessa proporção, entre os eleitorados de Ciro e de Serra me parece um tanto estranha. Mas vá lá. O que estou querendo deixar claro é que a diatribe de Dirceu contra Ciro parece um tanto injustificada porque, se os números estiverem certos, ele seria utilíssimo para o PT. Ora, o partido deixou Ciro sem aliados porque teme que, com um tempo razoável na TV, ele tomasse o lugar de… Dilma. Sua tarefa, definida por Lula e pelo partido, é infernizar os tucanos em São Paulo. Na lista em que Serra fica fora da disputa, quem ganha é… Ciro. Ele lideraria a disputa, com 25% das intenções de voto, contra 21,3% de Dilma e apenas 14,7% de Aécio — não fosse pelos 31,8% de Serra naquele primeiro cenário, ele também não tem muito o que comemorar, não é? Ou tem? Segundo turnoMas o que mais impressiona, depois da maciça propaganda do governo, são estes dados, devidamente subestimados pela tropa de choque e de cheque do petismo —i nclusive aquela fatia de certa imprensa: Dilma Rousseff só venceria um eventual segundo turno contra Aécio, que os petistas dizem ser “muuuito mais perigoso” do que Serra. Nesse cenário, ela teria 36,6%, e ele, 27,9%. Contra Serra, a petista ficaria com 28,2%, e o tucano com 46,8% — em setembro, estes números eram, respectivamente 25% e 49% - UMA VARIAÇÃO DENTRO DA MARGEM DE ERRO, o que também se escondeu. Dilma perderia um improvável segundo turno para… Ciro Gomes: 31,5% a 35,1%. Um movimento importante de votos que, de novo!, evidencia aquela suposta e estranha intersecção entre dois eleitorados se dá num eventual, mas também pouco provável, segundo turno entre Serra e Ciro: 44,1% a 27,2%. Apesar da diferença gigantesca, ela já foi maior: 51,5% a 16,7%. ImplicaçõesHá certos raciocínios curiosos que vão se tornando influentes em política, EMBORA DESTITUÍDOS DA LÓGICA MAIS COMEZINHA: o que é que os adversários internos (dentro do PSDB) e externos de Serra diziam? Que aquela sua fantástica vantagem do ano passado não se manteria. Ora, por óbvio, caso se mantivesse, ele já estaria eleito, e os demais deveriam jogar a toalha, não é mesmo? Com um governo em franca campanha eleitoral, como nunca antes nestepaiz, o óbvio é que a profecia se cumprisse: ele tenderia a cair, e Dilma, a subir. E se cumpriu. Mas aí é preciso qualificar esta alteração: os números autorizam uma mudança de tendência NO CAMPO OPOSICIONISTA? NÃO. A MENOS QUE ALGUÉM ME PROVE O CONTRÁRIO COM NÚMEROS, NÃO COM MAGIA FUTURISTA. No terreno governista, Dilma cresceu no primeiro turno, é verdade, mas levaria uma surra ainda considerável no segundo — com um Serra que mantém o patamar de 40% no primeiro turno quando Ciro não disputa. Falarei ainda da pesquisa e de como o petismo se aproveita dela no post seguinte, mas concluo assim:
1 - o PT tem motivos para ficar contente? Se os números estiverem certos, tem (ver penúltimo item);
2 - o PT tem motivos para, como faz José Dirceu, afirmar que está provada a inviabilidade da candidatura de Ciro à Presidência? Não!
3 - Aécio tem motivos para comemorar? Só se for a comemoração da queda do adversário interno no primeiro turno — embora se comparem cenários distintos, mas vá lá. Razão para se regozijar com os próprios números, não tem;
4 - Serra pode ficar despreocupado? Nunca pôde. Se os números forem realmente aqueles, tem de saber o que a eventual migração de votos para Ciro significa. Por outro lado, é absolutamente razoável a perspectiva de que o pré-candidato do PSB não dispute a Presidência; é refém da teia petista e fará o que Lula decidir. A menos que saia do partido;
5 - O PT tem motivos para agir como se a eleição já estivesse ganha? Segundo o CNT-Sensus, não! A vantagem de Serra sobre Dilma no segundo turno é de 18,6 pontos;
6 - O PSDB e o DEM têm motivos para entrar em pânico? Com 18,6 pontos de vantagem, convenham, o outro lado é que deveria estar preocupado. Até porque já é difícil sustentar a tese de que ainda não se sabe quem é “a” candidata de Lula. “Mas, Reinaldo, Lula ainda não apareceu no horário eleitoral; o PT ainda não explorou a Copa do Mundo, as Olimpíadas e o filme em que Lula é apresentado como o novo Cristo. Isso será terrível para Serra”. É, pode ser… Mas, se for mesmo assiom, para quem não seria terrível? Isso ficará para o post que virá depois...

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