quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Vendas de automóveis sobem, estoque cai, mas Anfavea segue cautelosa

Por Vanessa Stelzer
SÃO PAULO (Reuters) - As vendas do setor automotivo brasileiro começaram a se recuperar em dezembro refletindo medidas do governo, mas a produção despencou em razão de férias coletivas concedidas em meio a um acúmulo de estoques em reflexo da crise financeira mundial.
Os estoques seguem altos, mas iniciaram uma trajetória de queda no mês passado, recuando de 56 dias em novembro para 36 dias em dezembro.
"Ainda é um nível elevado --a média dos últimos meses até outubro era de 28 a 29 dias--, mas já apresenta uma redução importante", disse Jackson Schneider, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Como as medidas de estímulo do governo --com destaque para a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em dezembro-- ainda são recentes, o setor preferiu adiar as previsões para a indústria automotiva neste ano.
Além dos estoques, Schneider apontou como pontos positivos a leve recuperação das vendas a prazo em dezembro e a interrupção da queda das vendas de carros 1.0, sugerindo que o mercado de crédito começa a destravar.
"As vendas a prazo passaram de 54 por cento (do total) em novembro para 60 por cento, por conta da recuperação do crédito... e houve uma reversão da tendência da queda do 1.0, que depende mais do crédito", afirmou o presidente.
Schneider citou também incertezas, entre elas a volatilidade do dólar, a dimensão do impacto da redução do IPI sobre o consumo interno e as medidas do governo norte-americano contra a crise.
"As medidas do governo (brasileiro) que foram anunciadas em dezembro estão na direção certa e foram positivas, mas não sabemos ainda qual é a dimensão delas", disse ele a jornalistas nesta quinta-feira.
"Temos que ver também a questão das vendas externas, tanto na questão do dólar quanto na estrutura (demanda) do mercado internacional. Existem dúvidas e por enquanto prefiro não fazer previsões para 2009."
2008
A Anfavea informou que a produção de veículos no país em dezembro caiu 47,1 por cento sobre novembro e 54,1 por cento ante igual mês de 2007, para 102.053 unidades. As vendas subiram 9,4 por cento mês a mês e declinaram 19,7 por cento na comparação anual, para 194.486 unidades.
Em 2008, a produção cresceu 8 por cento, a 3,214 milhões de unidades e as vendas subiram 14,5 por cento, para 2,820 milhões de veículos. Ambos foram números recordes.
"Temos que dividir 2008 em dois anos: o ano até setembro, com comportamento positivo que levou aos recordes do fechamento de 2008, e o ano a partir de setembro, com quedas em meio à crise", disse Schneider.
O setor automotivo fechou 3.200 vagas em dezembro na comparação com novembro, mas em 2008 como um todo o número de contratações aumentou em 7.600, totalizando 128 mil trabalhadores.
Apesar da fraqueza vista no quarto trimestre, os números do fechamento de 2008 possibilitaram ao país ganhar posições nos rankings mundiais do setor.
O Brasil ganhou três posições no ranking dos maiores mercados consumidores de automóveis do mundo --passando para o quinto lugar-- e subiu um degrau entre os maiores produtores em 2008 --ficando agora em sexto, segundo dados preliminares divulgados pela Anfavea.

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