SÃO PAULO - Depois de um ano de investigação, os promotores do Ministério Público de São Paulo desvendaram um esquema de venda de escutas telefônicas ilegais. A apuração dos promotores mostrou que funcionários das operadoras de telefonia repassavam para detetives particulares e policiais informações confidenciais dos clientes. Já se sabe que mais de 100 pessoas tiveram o sigilo telefônico quebrado ilegalmente, entre eles empresários e até políticos. Para ter acesso a esses dados é preciso ter autorização judicial.
A Polícia Civil começou a prender os suspeitos nesta quarta-feira na capital paulista. Eles foram levados para o prédio do Departamento de Investigação sobre o Crime Organizado (Deic). Durante os 12 meses de investigação os promotores do Ministério Público identificaram 21 pessoas envolvidas com a venda de informações sigilosas e de escutas ilegais, entre elas cinco policiais civis.
Segundo os promotores, uma das vítimas do bando é o deputado federal pelo PSDB, José Aníbal.
- Eu quero saber qual era o objetivo dessa quadrilha e quero que esta gente seja realmente punida - disse o deputado.
" Segundo o MP, cerca de 100 pessoas, entre políticos e empresários, tiveram sigilo telefônico quebrado ilegalmente "
De acordo com os promotores, o esquema é dividido em três grupos. Do primeiro grupo, participam três policiais civis, que segundo o MP, encaminhavam autorizações judiciais falsas para que as operadoras de telefonia grampeassem os telefones. Foram identificados também dois comerciantes, que de acordo com a promotoria, forneciam os celulares para os policiais receberem as ligações interceptadas.
Um outro grupo identificado durante a investigação do Ministério Público é formado por quatro funcionários de uma operadora de celular, um investigador da Polícia Civil, um funcionário de uma empresa de cartão de crédito e de um banco. Segundo a investigação, eles quebravam o sigilo telefônico e bancário de clientes e vendiam as informações. Um delegado, um coronel de reserva da Polícia Militar, três detetives particulares, um funcionário da Receita Federal e três funcionários de operadora de telefonia formam outro grupo que, de acordo com os promotores, negociava informações sigilosas.
Das 21 pessoas identificadas durante a investigação, dez tiveram a prisão preventiva decretada . Foram aquelas que o juiz entendeu que têm explicações para dar à polícia e ao Ministério Público. A promotoria acredita que a partir das prisões vai ser possível identificar os clientes desse tipo de serviço ilegal.
Sobre o envolvimento de policiais no esquema de venda de informações sigilosas, a secretaria de Segurança Pública informou que a Corregedoria da Polícia Civil acompanha as investigações. A SSP informou ainda que por enquanto não há nada comprovado contra esses policiais e que apenas depois que for feita a perícia no material apreendido vai dar uma nova declaração.
Fonte:O Globo
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