O Brasil, um crítico severo de Israel (Lula já visitou várias ditaduras árabes, mas nunca pôs os pés na democracia israelense), decidiu que vai enviar 14 toneladas de alimentos para os palestinos, por intermédio da Jordânia. É claro que, em si, é uma atitude louvável. Lula faz muito bem. Governos do mundo podem e devem dar sua ajuda aos que sofrem.É uma pena que o Brasil, corretamente sensível ao drama palestino, considere irrelevantes os 300 mil mortos do Sudão e os mais de 3 milhões de refugiados — todos vítimas de um governo e de uma milícia, aí sim, genocidas. O humanismo do governo brasileiro parece mais preocupado em acenar sua hostilidade aos EUA e a Israel do que em realmente amparar os que sofrem.No caso do Sudão, não pesa contra Brasília só o dar de ombros — afinal, o Jararaca e o Ratinho da diplomacia (Celso Amorim e Samuel Pinheiro Guimarães) poderiam dizer um “todos fazem assim; danem-se os sudaneses”. O Brasil fez coisa bem pior. Negou-se a condenar o governo genocida daquele país na ONU. Trezentos mil mortos em Darfur, do ponto de vista publicitário, são pinto perto de 600 palestinos — a maioria deles militantes de uma milícia terrorista.Defendo que se enviem os alimentos aos palestinos. Mas não posso deixar de observar que o governo erra até quando acerta. Usa o confronto entre a democracia israelense e o terrorismo islâmico para marcar posição. A favor do terrorismo islâmico, é claro! Afinal, num confronto como esse, quem declara uma espécie de neutralidade e pede a paz já está, queira ou não, ao lado do terrorismo. O Brasil, é bom lembrar, fez um pouco mais do que isso: censurou abertamente Israel e ignorou os foguetes do Hamas.
Por Reinaldo Azevedo
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