BRASÍLIA - Apesar do aumento crescente no número de acidente se mortes nas rodovias brasileiras, os trabalhos para melhorar as condições das estradas andam a passos lentos. Reportagem de Leila Suwwan na edição desta quarta-feira em O GLOBO mostra que o governo gastou apenas 15,5% dos R$ 3,3 bilhões destinados a manter e recuperar as pistas federais em 2008, o que deixou milhares de quilômetros esburacados às vésperas das festas de fim de ano, o que pode ter contribuído para o desfecho trágico na virada de ano, quando a Polícia Rodoviário Federal contabilizou 435 mortes - uma média de 27 por dia - e 4.795 feridos.
O percentual de gasto de 2008 foi pior do que o registrado em 2006 e 2007, quando a execução dos recursos destinados à melhoria das rodovias ficou em 43% e 44%, respectivamente. (Leitores dão sugestões para reduzir acidentes)
O próprio Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit) classifica de "mal crônico" a falta de projetos e planejamento em seu histórico de baixo rendimento para gastar o dinheiro disponível no Orçamento. O diretor-geral do órgão, Luiz Antonio Pagot, disse que 2008 foi um ano de transição para um modelo mais estruturante. E afirmou que, nos estados onde o desempenho foi inaceitável, superintendentes perderão seus cargos. Ele não citou locais, mas lembrou que Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais não estão alinhados com o esforço para tocar obras.
No Rio, por exemplo, só 2% do orçamento de R$ 88,7 milhões foram desembolsados. O estado foi o segundo colocado no índice de mortes (33) nas rodovias federais na virada de ano - atrás apenas de Minas, que tem a maior malha viária do país. Em São Paulo, nenhum centavo foi pago. Em Minas, o desembolso chegou a 9% do previsto. BH: Chuva deixa estradas em situação crítica
Em Minas Gerais - estado com a maior malha rodoviária federal do país e onde só 9% da verba com manutenção foram gastas ano passado -, a chuva dos últimos meses deixou as estradas em condições ainda mais críticas. Alguns trechos estão interrompidos desde meados de dezembro, caso da BR-494. No Km 90, entre os municípios de Carmo da Mata e Oliveira, no Centro-Oeste do estado, a estrada deu lugar a uma cratera de dez metros de profundidade, obrigando os motoristas a pegar um desvio e dirigir mais 50 quilômetros, segundo oDnit.
Técnicos do Dnit trabalham no local, mas a interdição desse trecho vem causando uma série de transtornos também aos moradores da região. Para minimizar a situação, as prefeituras de Carmo da Mata e Oliveira decidiram colocar ônibus nos dois lados da estrada. Os passageiros descem do ônibus no trecho interrompido e trocam de veículo, dando continuidade à viagem. Para chegar ao outro ônibus, os moradores se arriscam e atravessam a cratera andando sobre uma ponte improvisada com uma tábua.
Em outras rodovias federais, a rotina de graves acidentes não diminui. Somente no feriadão do fim do ano, foram 89 mortes nas rodovias federais. Nesta terça, no Km 370 da BR-381, entre São Gonçalo do Rio Abaixo e João Monlevade, na região central de Minas, um acidente deixou quatro pessoas feridas. Um Vectra se chocou com uma carreta. Os quatro ocupantes do Vectra ficaram feridos e foram levados para o Hospital Margarida, em João Monlevade. O motorista da carreta não ficou ferido.
Fonte:O Globo
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