RIO DE JANEIRO (Reuters) - A inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o ano passado no maior nível desde 2004, mas abaixo do teto da meta perseguida pelo Banco Central.
Pressionado pelos alimentos, o IPCA subiu 5,90 por cento em 2008, após a alta de 4,46 por cento em 2007, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.
O Banco Central perseguia meta de inflação de 4,5 por cento com margem de tolerância de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.
O ritmo menor da alta dos preços no último bimestre impediu que a inflação rompesse o limite da meta, depois de outubro ter registrado inflação de 6,41 por cento no acumulado em 12 meses. Foi o quinto ano consecutivo de cumprimento da meta.
Em dezembro, o IPCA subiu 0,28 por cento, uma desaceleração frente à taxa de 0,36 por cento vista em novembro. Analistas consultados pela Reuters esperavam alta de 0,31 por cento para o IPCA no mês passado. A inflação foi a mais baixa para um mês de dezembro do Plano Real, segundo o IBGE.
"DIVIDENDOS DA ESTABILIDADE"
Ao comentar o resultado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que ele abre espaço para quedas de juros, enquanto o BC preferiu apenas comemorar os números.
"Fiquei muito satisfeito com o resultado do IPCA... Tinha gente que falava que ia ultrapassar 6,5 por cento... passamos pelo choque de commodities mantendo a inflação brasileira dentro da meta... Isso dá um espaço importante para a redução do juro no país", disse Mantega em entrevista coletiva.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o BC afirmou que o cumprimento da meta de inflação nos últimos cinco anos mostra que ele está no caminho correto.
"A política monetária adotada pelo BC é adequada para preservar o poder de compra da população e a manutenção do ganho real dos salários. Esses são os principais dividendos da estabilidade", afirmou a autoridade.
Os alimentos foram os vilões da inflação em 2008, representando 2,42 pontos percentuais dos 5,90 por cento de alta que o IPCA acumulou no ano. Num distante segundo lugar, apareceu o item Despesas pessoais, com participação de 0,72 ponto percentual.
O grupo Alimentação fechou o ano com alta de 11,11 por cento, variação mais elevada desde 2002 e terceira maior alta no Plano Real.
"Os preços das commodities começaram a subir em 2007 com o aquecimento mundial e essa situação continuou no primeiro semestre de 2008. A partir de setembro, veio a crise internacional e a bolsa de mercadoria internacional refletiu a queda da demanda", avaliou Eulina Nunes dos Santos, do IBGE.
"Os exportadores brasileiros também aumentaram a oferta no mercado interno. A crise ajudou a conter a inflação."
2009
A economista do IBGE identificou os primeiros sinais de impacto da alta do dólar no fim de 2008 que podem ter reflexo na inflação de 2009.
Vestuário, computadores e artigos de residência, que englobam eletroeletrônicos, subiram acima da variação de 2007.
"Acho que pode estar ocorrendo e os sinais ainda não são evidentes. Vestuário tem influência da China e aumento de componentes importantes", disse Eulina.
"Não se pode atribuir a alta do IPCA em 2008 ao dólar. Nas próximas divulgações ele pode aparecer mais, porém em um ambiente de crise pode não haver espaço para repassar
O INPC, que mede a variação de preços para famílias com renda de até seis salários, avançou 6,48 por cento afetado principalmente pelos alimentos, ante 5,16 por cento em 2007. Foi a maior taxa desde 2003.
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