Com a certeza dos votos das bancadas do PMDB e do DEM, o senador José Sarney (PMDB-AP) está tentando ampliar seu apoio junto ao PSDB e a outros partidos. Do seu gabinete no Senado ele conversa ao telefone com parlamentares em seus Estados e, ontem à noite, se reuniu, em sua residência, com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). A todos os interlocutores, o ex-presidente deixa claro que só voltará ao comando do Senado se houver consenso em torno de seu nome. Ou seja, por hipótese alguma, vai bater chapa no plenário com o petista Tião Viana (PT-AC), que também se encontra em Brasília pedindo votos por telefone a todos os senadores.
A expectativa dos aliados de Sarney é de que o PMDB reafirme formalmente a decisão, já tomada pela bancada, de não abrir mão da presidência do Senado para o PT. Os peemedebistas alegam que um movimento dessa natureza não significaria uma manifestação pessoal contra Tião Viana. O fato é que, como o PSDB e DEM, o PMDB não deseja também fortalecer o PT nos próximos dois anos de costuras políticas rumo às eleições de 2010. Entre os tucanos, Sarney, se confirmar sua candidatura, não teria dificuldades em obter votos da bancada. Por isso, a conversa reservada ontem entre Sarney e Tasso foi importante e considerada um avanço nas negociações, pois o senador cearense já assumiu compromisso com a candidatura de Viana.
No entanto, senadores do PSDB afirmam que, se a opção da bancada for em favor de Sarney, Jereissati não deixará de acompanhar a posição partidária. Se houver consenso para garantir a candidatura de Sarney, como ele deseja, caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversar pessoalmente com Tião Viana e compensá-lo em outro posto de destaque. Antes de entrar em férias, a ideia de Lula era dar ao senador petista o Ministério da Saúde em substituição a José Gomes Temporão. Só que Lula não contava com a reação contrária do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Como sairá do comando da Casa em fevereiro, o deputado quer o cargo.
Volta antecipada
Surpreendido, o presidente Lula terá de tomar as rédeas do processo para resolver o impasse no PT. Por isso, segundo aliados, ele teria antecipado em um dia sua volta à Brasília, encurtando suas férias na Bahia. Além de resolver a situação do Senado, o presidente deve também reforçar a campanha do presidente da PMDB, deputado Michel Temer (SP), que disputa o comando da Câmara.
Apesar do apoio formal de 12 partidos, é preciso intensificar a campanha para não evitar traições, já que o voto é secreto. "Queremos liquidar essa fatura no primeiro turno", garantiu hoje o líder do PR, deputado Luciano Castro, acrescentando que o momento é de muito cuidado. Em sua bancada, por exemplo, dos 42 deputados, oito estão fechados com a candidatura de Ciro Nogueira (PP-PI).
A eventual candidatura de Sarney pode enfraquecer Temer, na avaliação de parlamentares que apoiam o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), candidato do bloquinho. Ou seja, o PT poderia trair o presidente do PMDB para evitar que o partido assuma o controle das duas Casas Legislativas. "Nada mais abala a candidatura de Michel", observou otimista o líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN).
Fonte:MSN Notícias
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